Aracaju: uma pequena notável do Nordeste brasileiro
16/10/2018
*Por Andréa Moura
Nos últimos dias todo um debate sobre o Nordeste voltou a ser travado, principalmente nas redes sociais, tudo por causa das eleições para presidente da República neste ano de 2018. Como já havia acontecido no passado, atribuíram os mais pejorativos adjetivos à região e aos nordestinos; assisti a vídeos de pessoas dizendo que Juazeiro, Petrolina e Recife (cidades pernambucanas, a última, capital do estado com uma população estimada pelo IBGE, para este ano, de 1.637.834 habitantes) eram cidades minúsculas, que nem energia elétrica tinha. Sinceramente, eu não sabia se chorava de desespero pelo tanto de ódio destilado contra nós, ou pela vergonha alheia que senti da criatura que publicou esse vídeo na internet.
O fato é que muitas, várias, dezenas, centenas de pessoas passaram a criticar o que não conhecem, tudo com o intuito de menosprezar, de subjugar, de fazer ter sentido o tanto de despautério vociferado contra nós, nordestinos, pelo simples fato de não termos optado por outro caminho. E viva à democracia. Mas enfim... Por causa disso tudo, decidi escrever um tiquinho sobre minha terra, Aracaju, capital de Sergipe, o menor estado do país, mas, nem por isso, atrasado ou subdesenvolvido.
Seis quilômetros de orla urbanizada e equipada com bares, restaurantes, áreas de lazer para crianças e adeptos de esportes dos mais variados tipos, muita água de coco a preço justo e um mar com águas mornas de inverno a verão. Estes são alguns dos atrativos que Aracaju tem a oferecer para moradores e turistas. Alguns, sim, apenas alguns, porque a cidade, que possui cerca de 648 mil habitantes (estimativa do IBGE para este ano) é dona de uma culinária rica em iguarias como o caranguejo e o suco de mangaba, fruta típica do local.
A cidade possui lindo artesanato em palha, cerâmica e madeira; um dos mais modernos museus do país e o primeiro interativo multimídia das regiões Norte e Nordeste do Brasil, o Museu da Gente Sergipana, que está em atividade desde o ano de 2011 e ocupa um prédio histórico completamente restaurado: o antigo Colégio Atheneu Dom Pedro II, fundado em 1926 pelo então presidente da província de Sergipe D’el Rey, Graccho Cardoso. O local é comparável, segundo os idealizadores, ao Museu da Língua Portuguesa e ao Museu do Futebol, em São Paulo. Totalmente tecnológico, expõe o acervo do patrimônio cultural material e imaterial do estado de Sergipe.
A terra do ‘cajueiro dos papagaios’ – significado do nome da cidade que é originário da nação indígena Tupi Guarani – ainda possui outro aspecto muito importante: um povo muito hospitaleiro, que faz questão de oferecer o que de melhor possui. Quer uma prova disso? Basta uma visita aos mercados centrais: o Albano Franco, Antônio Franco e Thales Ferraz. O primeiro é guardião dos alimentos, sejam ou não tradicionais da região; o segundo possui algumas das delícias da cidade, como a castanha, os doces de caju e o queijo coalho, além das diversas ervas medicinais; já no terceiro, o Thales Ferraz, estão todos os tipos de artesanato que os sergipanos produzem, dentre eles, as tradicionais rendas de bilro e ponto em cruz.
UMA BONITA VISÃO
A poucos minutos dos mercados centrais, que estão na região histórica da cidade, está a colina de Santo Antônio com a capela que tem o mesmo nome, e foi fundada em 1845. A capela é um marco aracajuano, pois foi de lá que o povoamento da cidade começou, em 1855, quando a então vila de pescadores de Santo Antônio do Aracaju foi elevada à categoria de capital da província.
Além da pequena igreja, a colina oferece ao visitante mais duas oportunidades: a de ter uma linda vista da região central de Aracaju e de perceber como ocorreu a urbanização local, pois a cidade foi construída em formato de tabuleiro de xadrez, organização que teve como ponto principal a Praça Fausto Cardoso, outro marco histórico aracajuano. A praça, por sinal, está a alguns metros da famosa Ponte do Imperador, erguida à época em madeira e às margens do Rio Sergipe, para receber a comitiva real de D. Pedro II e da Imperatriz Tereza Cristina, em 1860.
O turista que optar por gastar pouco com hospedagem tem a disposição excelentes pousadas, a maioria delas localizada bem perto da Orla de Atalaia, um dos cartões postais da cidade, onde está a Passarela do Caranguejo, um complexo de bares e restaurantes que garante diversão e momentos agradáveis para quem gosta de curtir, principalmente, o que a noite aracajuana tem a oferecer.
Quem quiser repor as energias após um dia de passeio pela cidade em um hotel com mais requinte e luxo, isso também é possível, pois ao longo do mesmo cartão postal à beira mar – a Orla de Atalaia - estão as melhores acomodações da city. Alguns dos hotéis de luxo possuem bandeira internacional e é possível ver a classificação deles por meio do TripAdvisor.
Por ser uma cidade pequena, as distâncias entre os pontos turísticos, históricos, centro comercial, shoppings e a região da Orla de Atalaia, onde está a maior parte dos hotéis e pousadas, podem ser percorridas em poucos minutos. Do aeroporto da cidade até a praia de Atalaia, por exemplo, o tempo de traslado não dura mais de quinze minutos. Por estas e muitas outras razões, Aracaju, uma “menina” com apenas 163 anos de existência, que apesar de moderna ainda possui características de uma cidade do interior, como a tranquilidade, é sempre uma excelente opção no Nordeste brasileiro. (A foto principal é do fotógrafo Jorge Henrique Oliveira)
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*Andréa Moura é jornalista diplomada, graduada em Comunicação Social habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal de Sergipe. No currículo estão experiências como repórter de jornal impresso, editora, Chefe de Reportagem e Diretora de Jornalismo de um dos principais jornais impressos do estado de Sergipe. Também possui vasta experiência em assessoria de comunicação de órgãos públicos e empresas particulares. Atualmente é Assessora de Comunicação do Instituto de Tecnologia e Pesquisa. É Jornalista Amiga da Criança pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi) e vencedora do prêmio João Ribeiro de Divulgação Científica, na categoria jornalismo impresso, no ano de 2017.
Comentários
Essa talentosa jornalistas mim representou muito bem.