Alopecia areata acomete cerca de 2% dos brasileiros

29/03/2022


Por Andréa Moura

Um dos assuntos mais comentados desde o início da semana foi o tapa que o ator norte-americano, Will Smith, deu no também ator e comediante Chris Rock, durante a entrega do Oscar, na noite do último domingo (27). A agressão física aconteceu em virtude de uma piada feita por Rock sobre a aparência de Jada Smith, esposa de Will, que raspou a cabeça para enfrentar, de maneira menos desconfortável, os sintomas da Alopecia areata.

Antes de raspar a cabeça, Jada Smith vinha usando as redes sociais, a exemplo do Instagram, onde possui quase 12 milhões de seguidores, para falar sobre todo esse processo. Mas, o que é a doença que fez com que a atriz e empresária de 50 anos decidisse raspar a cabeça?

A médica dermatologista, Dra. Alessandra Cristina Guessi, explica que a palavra alopecia significa queda de cabelo, por isso, existem vários tipos, classificações e causas para que ela aconteça. Porém, o tipo desenvolvido por Jada Smith, a areata, é autoimune, pode estar ligada a fatores genéticos, e ocorre por inflamação do folículo piloso.

Dra. Alessandra Guessi - arquivo pessoal

A Alopecia areata não é contagiosa, portanto, não há transmissão de um ser humano para outro. Ela pode surgir em qualquer local do corpo onde haja pelos, embora, os mais comuns sejam no couro cabeludo, barba e sobrancelha.

A doença pode se manifestar como placa única ou várias placas; pode ser total, quando provoca a queda total dos cabelos, ou universal, quando causa a queda de todos os pelos do corpo.

“O sinal mais importante dessa doença é o aparecimento brusco, repentino, de placas sem pelos, que geralmente são circulares. Elas são indolores e não causam coceira no local onde aparecem”, explica a Dra. Alessandra Guessi.

Não há como prevenir o surgimento da doença, mas, segundo a médica, lesões recentes costumam responder melhor ao tratamento, por isso, ela enfatiza a importância do diagnóstico precoce e do início rápido do protocolo correto, que é prescrito por dermatologista.

Estimativa no país

De acordo com a Biblioteca Virtual em Saúde, do Ministério da Saúde, estima-se que a Alopecia areata acomete entre 1 e 2% da população brasileira. “...afeta ambos os sexos, todas as etnias e pode surgir em qualquer idade, embora em 60% dos casos seus portadores tenham menos de 20 anos”, informa a publicação.

“Fatores emocionais, traumas físicos e quadros infecciosos podem desencadear ou agravar o quadro da Alopecia areata”, afirma a Dra. Alessandra Guessi. Ela conta que existem vários tratamentos disponíveis, como o uso de medicamentos tópicos (loções), infiltrações (injeções locais), medicamentos orais e até injetáveis (por via sistêmica), porém, o tratamento escolhido dependerá da gravidade e local das lesões.

Dra. Alessandra Guessi explica que, às vezes, o tratamento requer, também, acompanhamento com psicólogo, tanto para cuidar de algum fator emocional que possa ter desencadeado a doença, quanto para auxiliar o paciente nas questões referentes à autoestima, por causa da imagem.

“Não se tem a cura da doença, mas, na grande maioria das vezes conseguimos repilar totalmente as lesões. Ou seja, o cabelo volta a nascer no local lesionado. Inicialmente bem fino e branco (pelo velus), depois volta à cor e espessura normais”, comenta Dra. Alessandra Guessi.

A médica dermatologista informa que na clínica onde atua, que tem o mesmo nome da profissional, e está localizada no bairro Jardins, na capital sergipana, são em média sete novos atendimentos a pacientes com alopecia por mês, provocadas por causas diversas.

Foto de banco de imagens da Internet

Entre as causas mais comuns estão: o eflúvio telógeno, que pode ser por deficiência de vitaminas e ferro, problemas de saúde como viroses, pós-operatório e pós-parto, dentre outros; a alopecia androgenética, por questões ligadas à genética e hormônios; e a alopecia areata, que é autoimune.

Existe um outro tipo que deve ser observado, e que está ligado mais a uma questão estética, que é a alopecia de tração. Ela acontece em virtude de penteados muito esticados e que fazem tração nos pelos. Quando essa condição é diagnosticada deve-se deixar os cabelos soltos ou menos tensionados, para que a região afetada possa ser repilada. Porém, quando o quadro é antigo não há cura, e a queda dos fios é irreversível.

*A foto principal desta matéria foi retirada das redes sociais de Jada Smith



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