Aracaju: Zona Norte apresenta as maiores taxas de mortalidade e letalidade por COVID

04/07/2020


Aracaju apresenta uma taxa de mortalidade por COVID-19 de aproximadamente 4 em cada 10 mil habitantes, tendo sido a maior registrada na Zona Norte da cidade, com 3,3/10.000hab. Em segundo lugar está a Zona Oeste (2,9), seguida pelas Leste (2,6) e Sul (1,6). A taxa de mortalidade mede a chance de uma pessoa sem a doença vir a tê-la e, em seguida, falecer. De acordo com o mais recente boletim epidemiológico sobre a doença, divulgado na noite da última sexta-feira, 3 de julho, do total de 764 óbitos por COVID, 327 foram registrados na capital sergipana. Dados completos de 172 pacientes aracajuanos que morreram em decorrência da doença revelaram que o tempo médio de sobrevida, considerando o início dos primeiros sintomas da COVID-19, tem sido de aproximadamente 15 dias.

A Zona Norte aracajuana é, também, a que apresenta a maior taxa de letalidade da doença, com 2,0% de óbitos do total de casos confirmados na região. Taxa de letalidade é o percentual de pacientes infectados pelo novo coronavírus e que evolui para óbito por causa da infecção. Embora tenha havido aumento de pelo menos 35% no número de falecimento por COVID-19 em todas as áreas urbanas da capital sergipana, ao longo das duas últimas semanas, na Zona Leste da cidade foi registrada redução de 4,2% na taxa de letalidade. Estas informações constam no novo estudo da Universidade Federal de Sergipe (UFS), coordenado pelo pesquisador Dr. Paulo Martins Filho, intitulado “Evolução dos óbitos por COVID-19 no município de Aracaju/SE”, divulgado nesta sexta-feira, 3 de julho.

O relatório integra o Projeto EpiSERGIPE e é o segundo a ser lançado. Na primeira publicação foram analisadas as mortes por COVID-19 registradas até o dia 16 de junho do corrente ano. Já nesta segunda edição, que também apresenta a evolução dos casos e internamentos pela doença com o intuito contextualizar o cenário atual da patologia em Aracaju, o período de investigação dos óbitos foi até 30 de junho.

MAIS TAXAS DA COVID-19

Os bairros que apresentam as maiores taxas de letalidade para a COVID, estando acima de 2%, são: 18 do Forte, Industrial, Lamarão, Santos Dumont, Soledade, América, José Conrado de Araújo, Novo Paraíso, Cirurgia, Getúlio Vargas e Santa Maria. A situação é um pouco modificada quando o assunto está relacionado à taxa de incidência (relacionada à quantidade de novos casos da doença) e, neste quesito, os bairros que ganham destaque são Jardins, Centro e Jabotiana, com aproximadamente 410/10.000 habitantes. Nas duas últimas semanas, os bairros Luzia e Atalaia apresentaram aumento no número de novos casos de aproximadamente 43%, passando a apresentar taxa de incidência de 341,2 e 326,4, respectivamente. Outro bairro que teve aumento de aproximadamente 50% foi o Cidade Nova, passando a apresentar taxa de letalidade de 279,5%.

Atualmente, de acordo com o estudo, a taxa de incidência da COVID-19 para o município de Aracaju é de aproximadamente 225 casos por cada grupo de 10 mil habitantes e, neste quesito, a Zona Leste continua na dianteira, com uma taxa de 283/10.000hab, seguida das Zonas Oeste (230,1), Sul (179,1) e Norte (164,6). O estudo mostrou, também, que até o dia 30 de junho, do total de casos da doença, ou seja, 14.814, quase 12% destes (11,9% mais precisamente) foram registrados em indivíduos com idade acima dos 60 anos, havendo aumento considerável na quantidade de casos nesta faixa etária nos bairros Santo Antônio, Santos Dumont, Jabotiana e Lamarão, com relação ao resultados da primeira análise.

“Estudos têm sugerido que as populações mais pobres do mundo são mais susceptíveis à COVID-19 e apresentam maior risco de morte pela doença. Desta forma, torna-se importante uma avaliação da correlação entre indicadores de mortalidade por COVID-19 e indicadores socioeconômicos nos bairros de Aracaju, para que políticas públicas possam ser implementadas no sentido de diminuir iniquidades em saúde no enfrentamento da epidemia”, alerta o documento, que levou em consideração, para a análise, indicadores como proporção de analfabetos chefes de família; proporção de famílias que ganham menos de ¼ do salário mínimo per capta, e a proporção de famílias residindo em aglomerados subnormais como favelas e outros locais similares por cada bairro aracajuano.

PANORAMA GERAL

O boletim mais recente sobre a COVID-19 em Sergipe, publicado na noite de sexta-feira, dia 3 de julho, mostrou que o Estado possui 28.186 pessoas comprovadamente infectadas pela doença. Deste total, 18.360 estão curadas, 8.383 estão em isolamento domiciliar e 764 morreram. Do total de testes aplicados, 25.913 deram negativo. A taxa de ocupação dos leitos de UTI Adulto da rede pública é de 81,2%, e da rede privada 113,4%; 28,6% dos leitos de UTI Neonatal/Pediátrico da pública estão com pacientes, na rede particular o percentual é de 62,5%. Também é preocupante a quantidade de pessoas em leitos clínicos/enfermaria: 70,9% nas unidades públicas do Estado e 105,9% nas unidades particulares.

O número de pacientes necessitando de terapia intensiva tem crescido junto com a habilitação de novos leitos SUS pelo governo estadual. Em março deste ano, quando do início da pandemia, Sergipe possuía 27 vagas de terapia intensiva. Atualmente são 188 leitos (sete destes neonatais/pediátricos) e, deste total, estão vagos apenas 39, a maior parte deles, 25 unidades, distribuída em hospitais no interior do Estado. Na capital, as vagas disponíveis, até o último boletim epidemiológico, eram oferecidas no HUSE (01), na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (04), no Hospital São José (03), no Hospital da PMSE (01) e no Hospital Renascença (05).

A maior quantidade de óbitos foi registrada em paciente com idade acima de 80 anos: 173 casos. Na faixa etária de 70 a 79 morreram 171 pessoas; na de 60 a 69 foram a óbito 161 indivíduos. Cento e quatorze pessoas que foram vencidas pela COVID-19 estavam faixa de idade entre 50 e 59 anos; entre 40 e 49 foram 65 vítimas fatais; e entre 20 e 39 foram registrados 57 óbitos. De acordo com os registros de falecimento, 255 pessoas estavam declaradas como pardas, 34 como pretas, 68 como brancas e em 351 certidões de óbito esta informação fora ignorada. Dentre as principais comorbidades apresentadas pelas vítimas estão: hipertensão arterial sistêmica (298 casos), diabetes (243), cardiopatia 990), obesidade (51), problema renal crônico (44) e neoplasia (34).



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