Aumento das mortes por COVID-19 em SE impede reabertura do comércio

08/06/2020


Ao contrário do que boa parte dos setores produtivos da economia sergipana esperava, a data para a retomada da economia não foi anunciada hoje, 8 de junho, como havia sinalizado o governador Belivaldo Chagas no dia 1/06, quando do anúncio do Decreto n°. 40.605 que, inclusive, instituiu o Comitê Gestor de Retomada da Economia (COGERE), composto por membros do governo e por representantes desses setores. A pisada no freio foi motivada pela quantidade de casos de COVID-19 registrados após o último Decreto.

No dia 1° de junho Sergipe tinha 166 óbitos e 7.233 casos confirmados da doença. Sete dias depois, os números registrados pela Secretaria de Estado da Saúde mostram 217 mortes e 9.290 pessoas infectadas pelo novo coronavírus, crescimentos na ordem de 31% e 35%, respectivamente. Em contrapartida, o que caiu ainda mais foi o índice de isolamento social, estando em 37,2%, quando o ideal mínimo seria 60%.

No período de 31 de maio a 06 de junho o governo estadual abriu mais 21 leitos de UTI/SUS exclusivos para o tratamento de pacientes com COVID-19, porém, o que também aumentou foi o percentual de ocupação destas vagas, passando de 63% para 69%. Na rede particular de saúde, no último dia 06/06, a taxa de ocupação dos leitos de UTI exclusivos para os pacientes infectados pelo novo coronavírus foi de 94%.

Em virtude dos números acima apresentados, o novo Decreto, de número 40.613 publicado na tarde desta segunda, 8 de junho, mantém suspensas, até o dia 15 de junho, as atividades econômicas organizadas para a produção ou a circulação de bens e serviços, estando incluído: o comércio em geral, academias, shoppings centers, galerias, boutiques, clubes, boates, casas de espetáculos, salão de beleza e clínicas de estética, estando permitidas, apenas, as atividades descritas como essenciais nos decretos anteriores.

“Eu tinha dito que anunciaria, hoje, o Plano de Retomada Econômica do Estado, mas, sempre deixei claro que precisaria de dois fatores principais para isto: primeiro, o número de leitos, que estamos conseguindo entregar, mas, que não está sendo o suficiente porque as pessoas estão se expondo mais, e os números que esperávamos lidar estão sendo maiores do que os previstos. A conta não fecha”, declarou o governador.

O segundo fator, de acordo com Belivaldo Chagas, foram os dados técnicos e científicos da propagação da doença em Sergipe, que mostraram um crescimento do problema acima do esperado, por isso, ele afirma que não haverá flexibilização das ações restritivas e de isolamento social enquanto o risco para as pessoas for tão alto. “O governo não pode fazer a parte dele, com relação à retomada econômica, se as pessoas não se conscientizarem que precisam manter o isolamento social. Sempre disse que nossa prioridade é a vida e vou continuar defendendo isso”, declarou o gestor do Executivo estadual.

No período de 31 de maio a 06 de junho (tempo utilizado como parâmetro para o texto do novo Decreto) foi computada uma média de 310 novos casos por dia. Já nos dias 05 e 06 de junho ocorreram novos casos em número acima da média apontada, demonstrando um crescimento vertiginoso de quantidade de casos de COVID-19. De acordo com as informações do governo de Sergipe, em dois meses, o Estado passou a ter quase cinco vezes mais leitos SUS exclusivos para o coronavírus. A rede pública sergipana passou de 27 leitos de UTI, no início do mês de abril, para 126, atualmente. A rede particular oferece 80 leitos.

DADOS RECENTES DA DOENÇA

Por volta das 21h30 desta segunda-feira, 8 junho, a secretaria de Estado da Saúde emitiu novo boletim epidemiológico sobre a doença. Agora, o Estado contabiliza 9.727 casos confirmados de novo coronavírus, com 234 óbitos, 4.525 pessoas curadas e 15.713 testes negativados. Do total de pessoas com o vírus ativo, 4.573 estão em isolamento domiciliar e 395 internadas: 145 em leitos de UTI (74 na rede pública e 71 na rede privada) e 250 em enfermaria (153 nas unidades públicas de saúde e 97 nas unidades privadas).

Os hospitais que apresentam situação delicada no que diz respeito à taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva são: HUSE (100% de ocupação); Hospital de Cirurgia (75%); Hospital São Lucas (115,4%); Renascença (112,5%); Hospital Cirurgia/IPES e Hospital da Unimed (80%). E se as projeções feitas pelo Grupo de Pesquisa liderado pelo Dr. Paulo Martins Filho, da Universidade Federal de Sergipe, estiverem corretas, a quantidade de leitos de UTI precisará ser mais uma vez ampliada dentro de um prazo máximo de oito dias, caso contrário, o sistema entrará em total colapso. As análises apontam para um saturamento quando o Estado chegar a 12 mil casos, o que deve acontecer no dia 14 de junho.

Em conversa com a equipe do PRA VOCÊ SABER na tarde desta segunda-feira (8), antes de o governador Belivaldo Chagas publicar o novo Decreto, Dr. Paulo Martins disse que ainda não é a hora de Sergipe promover a reabertura da economia, nem mesmo de forma gradual, uma vez que o Brasil passou a ser o epicentro da pandemia. “Qual o sentido de flexibilizar, agora, com a curva crescendo rapidamente?”, questionou o pesquisador. Ele disse não ser a favor da reabertura dos estabelecimentos comerciais nem mesmo no dia 15 de junho, data em que poderá ser lançado o plano, de acordo com o governo estadual, caso haja melhora dos números. “Ainda considero uma data precipitada” disse.

A análise feita pelo Grupo de Pesquisa coordenado pelo cientista da UFS teve com base os boletins epidemiológicos da Secretaria de Estado da Saúde, no período entre 1° de maio e 4 de junho, considerando os casos acumulados da doença, a quantidade de leitos disponíveis na rede hospitalar, o número de internamentos e a taxa de ocupação dos leitos de UTI dentro da série histórica. (Foto de Mário Souza/ASN)



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