Brasil: Nove pessoas podem estar com coronavírus
29/01/2020
Por Andréa Moura
Foto: Gustavo Frasão (Ascom MS)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) decide nesta quinta-feira, 30 de janeiro, após reunião do Comitê de Emergência sobre o novo coronavírus (2019-nCoV), se o surto da doença que já matou 132 pessoas na China e foi confirmado em 15 países, constitui uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), e quais as recomendações que devem ser feitas para gerenciá-lo. Até o momento, a OMS colocou a situação como de alerta, porém, a rapidez com que o contágio tem ocorrido já fez com que a cúpula da Organização começasse a reavaliar a decisão.
Esta informação foi passada no início da tarde desta quarta-feira, 29 de janeiro, por Michael J. Ryan, Diretor-Executivo do programa de Emergências de Saúde da OMS, durante coletiva realizada em Genebra, na Suíça. Até o final da tarde desta quarta-feira, 29 de janeiro, estavam infectadas 6.065 pessoas. Deste total, 5.997 casos estão confirmados na China, sendo 1.239 graves. Fora da China foram confirmados 68 casos em 15 países, sem registro de óbito.
No Brasil, durante entrevista coletiva realizada no final da tarde desta quarta-feira (29) no Ministério da Saúde, o Secretário-Executivo do MS, João Gabbardo Reis, informou que o país está com nove casos suspeitos, saindo, portanto, de estado de alerta para de perigo iminente. O número subiu em menos de 24h porque a determinação, agora, é de avaliação para todas as pessoas que tenham estado na China neste mês de janeiro, e não apenas em Wuhan, e apresentem sintomas da doença, dentre elas, febre, tosse e problemas respiratórios.
Os casos suspeitos no país estão em Minas Gerais (um caso); Rio de Janeiro (um caso); Santa Catarina (dois); São Paulo (três); Paraná (um) e Ceará (um). Antes de chegar a estas nove suspeitas, o MS recebeu a notificação de 33 possibilidades, número que estava distribuído entre os Estados já citados e, também, no Distrito Federal, Rio Grande do Sul e na Bahia. Porém, 24 casos foram excluídos ou descartados.
A situação em São Paulo, de acordo com informações passadas pela Secretaria da Saúde daquele local à imprensa, é referente a um adulto de 33 anos de idade que retornou da China no dia 20 de janeiro; uma criança de seis anos de idade, vinda do mesmo país no dia 19/01 e a irmã desse garoto, com quatro anos de idade, que não viajou, mas teve contato com os parentes supostamente infectados. Os três estão em isolamento domiciliar. Dados da Polícia Federal mostraram que nos meses de novembro e dezembro de 2019, cerca de 15 mil pessoas oriundas da China entraram no Brasil, como disse João Gabbardo.
Mesmo com este número elevado de entradas, ele contou que não há previsão de bloqueio para as pessoas que vierem do país asiático. “Não há essa necessidade, pois, o próprio governo chinês está pedindo que as pessoas não saiam de lá, e com as orientações de não viajar que estamos dando, é possível que essa quantia reduza drasticamente”, pontuou o Secretário-Executivo do MS.
COLETIVAS A CADA 24H
Para deixar a imprensa e a população atualizados sobre o coronavirus no país, o MS decidiu fazer, diariamente, às 16h, coletivas de imprensa para que as informações saiam de forma organizada e centralizada, pois, os Estados devem repassar ao Ministério todas as informações relativas ao assunto até o meio dia, para que, das 12 às 16h, os dados sejam tabulados e, na hora marcada, repassados aos meios de comunicação. Qualquer alteração nesse ínterim não fará parte do relatório do dia, sendo comunicado aos jornalistas no encontro do dia seguinte. “Vamos ter um bom tempo de convívio, vamos todos nos conhecer bastante, porque, o que tem pela frente com certeza não vai ser uma coisa que vai terminar muito rapidamente... Espero que eu esteja equivocado na minha hipótese de tempo”, declarou João Gabbardo.
De acordo com Wanderson de Oliveira, Secretário de Vigilância em Saúde do MS, foi iniciada, nesta quarta-feira, uma nova etapa de estrutura de apresentação de resposta ao problema. Segundo ele, em reunião ocorrida na última terça-feira entre membros do MS e da OMS, o Brasil passou a fazer parte do esforço global de combate ao corona vírus. Na próxima semana estarão no Rio de Janeiro representantes de vários países da América do Sul para receber capacitação para a realização de teste laboratorial.
Porém, nem todos os Laboratórios Centrais (Lacens) dos 27 Estados têm condições de realizar os testes para infecções das vias respiratórias, a primeira parte dos exames para a detecção de uma possível infecção por coronavírus, como informou o secretário de Vigilância em Saúde. “Temos cinco Estados em que os Laboratórios Centrais de Saúde não realizam os testes para infecções por vias respiratórias, pois, têm os equipamentos necessários, mas não têm pessoal qualificado”, comentou, não dizendo quais seriam essas unidades federativas.
A segunda parte do exame para detecção do coronavírus é feita pela Fiocruz, única referência nacional até então, pois, também de acordo com Wanderson de Oliveira, até o final desta semana também estarão realizando este serviço os Institutos Adolf Lutz, em São Paulo, e Evandro Chagas, no Pará. A última etapa para a confirmação diagnóstica é uma análise de metagenômica.
CARNAVAL E O CORONAVÍRUS
Questionado se há, por parte do Governo Federal, um plano de ação para o carnaval, período em que muitos turistas estrangeiros virão ao Brasil, o Secretário-Executivo do MS disse ainda não existir qualquer coisa neste sentido, embora discussões sobre o assunto estejam acontecendo.
“Não há, até o momento, qualquer decisão de interferência mais drástica com relação ao carnaval. Mas, vamos sim, fazer campanha para recomendação sobre como proceder, algo que deve ser parecido com a que fizemos com relação à influenza e versa em como agir para reduzir a transmissão”, afirmou, reforçando, ainda, que a orientação do Governo que está em vigor é a de brasileiros não irem à China, salvo em casos de última instância e que, se a necessidade estiver ligada a questões comerciais, que o indivíduo opte por reuniões via internet.