Cinema brasileiro: crítica indica excelentes filmes nacionais

De imagens documentais, passando pela pornochanchada na década de 70, até as grandes e caras produções. O cinema nacional tem ganhado, ano após ano, títulos que têm levado milhares de pessoas às salas de exibição e ganhado notoriedade internacional. E hoje, dia 19 de junho, é comemorado o Dia do Cinema Brasileiro, data criada em homenagem às primeiras imagens em movimento feitas no país, por Afonso Segreto, em 19 de junho de 1898 e que mostravam a entrada da Baía de Guanabara. Para evidenciar a data, conversamos Suyene Correia, jornalista cultural, crítica de cinema, membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Sergipe, idealizadora e editora do site www.bangalocult.com.br   

Pedimos que ela nos indicasse, pelo menos, três títulos brasileiros que estão no catálogo da Netflix Brasil e que são excelentes pedidas. Porém, além de atender a este pedido, ela também deu uma dica maravilhosa: o nome de uma plataforma de filmes que, até o final deste ano, está disponibilizando gratuitamente, acesso a mais de 200 títulos, a SPcine Play. Este é um serviço de streaming da Empresa de Cinema e Audiovisual idealizado pela prefeitura de São Paulo, que “abriu” o acesso em virtude da pandemia causada pelo novo coronavírus, e decidiu estender esse mimo até o mês de dezembro.

Conheça, a seguir, os indicados por Suyene Correira e que estão na plataforma Netflix Brasil:

Reflexões de um liquidificador:  é uma tragicomédia, do ano de 2010, dirigida por André klotzel. O filme tem um quê de suspense, meio policialesco. O liquidificador é humanizado, cuja voz é a de Selton Melo, e este eletrodoméstico acaba sendo o grande amigo da dona de casa vivida por Ana Lúcia Torres. “E é muito engraçada a relação desse liquidificador com uma dona de casa já na terceira idade, casada e sem filhos. Ele passa a ser o grande companheiro dela após um lance que acontece com o marido da personagem. Que bom que entrou no catálogo da Netflix, pois, creio que muita gente não conhece essa obra e ela é uma pérola, um filme muito bom, com dez anos de lançado, mas, que vale muito a pena ser visto”, defendeu a jornalista.

Aquarius: De acordo com a crítica de cinema, este título talvez seja, no momento, um dos principais filmes brasileiros no catálogo da plataforma. Dirigido por Kleber Mendonça Filho, tem no elenco Sônia Braga, Maeve Jinnkings, Irandir Santos, Humberto Carrão e Bárbara Colen. Mas, por que vale a pena assistir? De acordo com Suyene Correia, Aquarius tem vários motivos, a começar pelo elenco, depois pela temática e também pela excelente direção. “Acredito que muita gente já tenha visto, só que este é um filme que vale a pena rever, até porque a temática da especulação imobiliária é sempre atual”, observou.

O filme é de 2016 e, embora se passe em Recife, ela afirma que tem muito a ver com a realidade aracajuana, onde, segundo ela, terrenos de área de mangue, que deveriam ser preservados, são destruídos para dar lugar a espigões. “Na época que foi lançado gerou muita polêmica, porque foi trucidado pela galera da direita e ovacionado pela da esquerda, só que, para além dessa polarização política-ideológica, Aquarius é uma produção cinematográfica brasileira de qualidade inquestionável”, explicou.

Cinema, Aspirinas e Urubus: É uma ficção do ano de 2005 dirigida por Marcelo Gomes, que tem no elenco Peter Ketnath, João Miguel, Madalena Accioly, Daniela Câmara. Hermila Guedes e Zezita Matos. “Esta obra vale muito à pena ser vista e eu digo, quem ainda não assistiu, o faça. Na época que foi lançado chamou muito a atenção. Ele mostra a relação de uma personagem alemã que se muda para o Brasil para vender medicamentos pelo interior do país, e acaba iniciando uma grande amizade com a personagem vivida por João Miguel”, resume Suyene Correia.

SPCINE PLAY

A única plataforma pública de streaming do Brasil exibe filmes das principais mostras e festivais de cinema do município de São Paulo. Também exibe conteúdos exclusivos da programação cultural da cidade como shows, espetáculos e performances que podem ser assistidas de casa, além de uma vasta filmografia nacional e internacional podendo ser acessada de qualquer local do País pelo site www.spcineplay.com.br  

Dentre os filmes brasileiros que integram o catálogo da SPcine Play, Suyene Correia chama a atenção para a programação que a plataforma está promovendo, chamada de Foco Sganzerla. “Rogério Sganzerla foi um grande diretor brasileiro que dirigiu Copacabana Mon Amour, O bandido da luz vermelha – talvez o filme mais conhecido -, e o Signo do Caos, o último filme dele”, explicou a jornalista.

Também estão liberados filmes do diretor Hector Babenco, cuja atenção da nossa entrevistada foi direcionada para “Carandiru” (1992), “Lúcio Flavio – o passageiro da agonia (1978), “Pixote – a lei do mais fraco” (1981), “O beijo da mulher aranha” (1985) e “Meu amigo hindu”, o último dirigido por Babenco, lançado em 2016. Já de Andrea Tonacci, cineasta italiano radicado no Brasil e considerado como um dos principais diretores do Cinema Marginal, movimento do cenário local na década de 70, Suyene Correia indica o filme “Serras da desordem”, de 2006.

E para quem gosta de documentários, nossa crítica de cinema avisa que na SPcine Play está também o Festival É Tudo Verdade, o maior do País voltado só para o gênero; também estão liberados filmes dirigidos por Zé do Caixão (que também atuou em algumas obras) e as mostras das diretoras Lúcia Murat, Helena Inês e Tatá Amaral. Para quem curte documentários ligados a artistas do cenário musical tem “Gretchen Filme Estrada” (2010), “Cartola – música para os olhos” (2007); “São Paulo em Hi-Fi” (2013) e “Vou Rifar meu Coração” (2012), que teve cenas filmadas no estado de Sergipe.

SUCESSO DE BILHETERIA

E só para matar a curiosidade, listamos para você alguns dos filmes brasileiros que foram sucesso de público e, consequente, de renda nos cinemas Brasil à fora: “Minha Mãe é uma Peça 3” (2019) foi o mais assistido do País, tendo arrecadado R$ 143,9 milhões; “Tropa de Elite 2” (2010) com público de pouco mais de 11 milhões; “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (1976), com quase 10 milhões de público; “Minha Mãe é uma Peça 2” (2013) levou pouco mais de nove milhões de pessoas aos cinemas brasileiros; “Se Eu Fosse Você 2” (2009) teve público estimado de seis milhões; e “A Dama do Lotação” (1978), protagonizado por Sonia Braga, levou 6,5 milhões de brasileiros às salas de exibição.