Com 15 mil casos confirmados e 352 óbitos por COVID, SE inicia retomada da economia

15/06/2020


Por Andréa Moura

A tão desejada retomada da economia sergipana foi anunciada pelo governador Belivaldo Chagas na tarde desta quinta-feira, 15 de junho, durante entrevista coletiva. A partir da próxima quinta-feira, 18 de junho, além das atividades essenciais que já estavam em funcionamento, a exemplo de alguns consultórios médicos e supermercados, também poderão reabrir as portas concessionárias de veículos, imobiliárias e similares, lojas de eletrodomésticos, eletrônicos, elétricos, de comunicação, informática, de equipamentos de áudio e vídeo, de móveis e colchoaria. O horário de funcionamento destes estabelecimentos, em Aracaju, será das 9h às 16h, e normal, das 8h às 18h, nos demais municípios.

Também poderão reabrir os estabelecimentos de hospedagem, segurança pública e privada – incluindo, neste item, a vigilância de valores, transportes, logística e indústrias-, lavanderias, de controle de pragas e sanitização. Escritórios de Engenharia e Arquitetura poderão atender os clientes no horário comercial habitual, ou seja, das 8h às 18h. A intenção do governo estadual é de que, seis semanas após a liberação da primeira grande “leva” do setor produtivo, prevista para acontecer no dia 23 de junho, toda a cadeia produtiva sergipana esteja reativada.

Se a curva de contágio e de mortes por COVID-19 não aumentar, a cada 14 dias um novo grupo terá permissão para voltar a exercer as atividades. “Mas, para que tudo dê certo, a população terá que ajudar. Se o índice de ocupação dos leitos hospitalares subir muito, estando acima de 70%, não terei problema em voltar atrás nas decisões”, enfatizou Belivaldo Chagas. Ele não editou nenhuma regra específica para o período junino, informando que pode, até o dia 18/06, publicar portaria específica. Disse que alguns municípios já publicaram determinações a respeito, a exemplo de Estância, lembrando que o tema requer análise porque, tradicionalmente, por causa dos festejos juninos aumenta a procura por atendimento hospitalar, seja pelo uso de fogos ou por casos de síndrome respiratória, muitas das vezes, por causa da fumaça.

A retomada está dividida em três cores: laranja, amarelo e verde, além do grupo especial - onde estão as escolas, universidades e shows. Ela foi definida com base nos dados do Boletim Epidemiológico sobre o novo coronavírus emitido no dia 14 de junho, quando havia 13.968 casos confirmados da doença, 330 óbitos, 428 pessoas internadas no sistema de saúde (público e privado) e uma taxa de ocupação dos leitos de UTI públicos de 67,6% (de 139 unidades) e privado de 96,3% (de 80 leitos), resultando em uma média geral de 78% de ocupação dos leitos destinados a pacientes graves. Cerca de cinco horas após a coletiva, Sergipe registrava 15.675 casos confirmados de pessoas infectadas pelo novo coronavírus e 352 óbitos em decorrência da COVID-19.

O que deixa o governo local esperançoso de que tudo sairá conforme o planejado, no que diz respeito à reabertura do comércio x índice de ocupação dos leitos de UTI, está relacionado à perspectiva de ampliação desse tipo de “acomodação” na rede SUS dentro das próximas três semanas, quando deve acontecer a implantação de mais 71 leitos, que estarão distribuídos entre os hospitais São José, Universitário de Lagarto, Amparo de Maria, Regional de Estância, de Nossa Senhora da Glória, Cirurgia e Maternidade Hildete Falcão Baptista.

“Com este incremento passaremos de 139 para 210 leitos de UTI somente na rede pública. Se a população colaborar, evitando aglomeração e usando máscara, será um quantitativo suficiente para que tenhamos o sistema sob controle”, disse o chefe do Executivo estadual, garantindo que o processo de retomada está condicionado a um rigoroso protocolo, elaborado pela secretaria de estado da Saúde e acompanhado pela Procuradoria Geral do Estado.

AS PRÓXIMAS FASES

No dia 23 de junho será liberada a primeira fase da retomada da economia sergipana, chamada de bandeira laranja, na qual estão inseridas clínicas e consultórios de odontologia, fisioterapia, fonoaudiologia, nutrição, psicologia e terapia ocupacional, bem como serviços especializados de podologia, demais escritórios de prestadores de serviços (publicidade, agências de viagem etc), operadores turísticos, templos e atividades religiosas (estes últimos limitados a 30% da capacidade de lotação), salões de beleza, barbearias e locais de higiene pessoal, alguns setores do comércio e atividades de treinamento de desporto profissional. Mas, para que ela seja iniciada, a taxa de ocupação dos leitos de UTI deverá ser igual ou menor a 70%.

Mesmo com lojas fechadas, centro comercial de Aracaju tem grande fluxo de pessoasA bandeira amarela, ou fase dois, deverá ser iniciada 14 dias após a fase 1, portanto, no dia 7 de julho, mas se, e somente se, a taxa de ocupação dos leitos de UTI estiver igual ou inferior a 60%. Cumpridos os requisitos, estarão liberados para reabrir os demais setores do comércio, a administração pública não essencial com 50% dos funcionários, shopping centers, galerias e centros comerciais, templos e atividades religiosas (todos estes com um percentual de lotação de 50% da capacidade). Este índice também deverá ser aplicado para o consumo local em restaurantes, lanchonetes, bares, sorveterias a afins.

Na terceira fase, prevista para começar 14 dias após a segunda, desde que a ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva esteja igual ou inferior a 50%, a população poderá usufruir de: praias, orlas, parques e praças públicas, e dos serviços oferecidos por empresas de call center. A administração pública não essencial voltará a atuar com 100% do funcionalismo. Academias de ginásticas de qualquer modalidade, atividades físicas em geral, shoppings centers, galerias, centros comerciais, templos e atividades religiosas, clubes sociais, esportivos e similares, restaurantes, lanchonetes, bares, sorveterias e afins poderão funcionar sem limitação de quantidade de público.

Vencidas todas estas fases, será a vez de discutir sobre as atividades classificadas como especiais e que compreende escolas, creches, universidades e faculdades públicas e privadas, eventos de lazer coletivos como desportos em estádios, ginásios, corridas, shows, teatro, cinema, casas noturnas, boates e similares.

RETOMADA PRECOCE?

Embora entenda existir uma grande pressão para que houvesse liberação de setores da economia, o professor da Universidade Federal de Sergipe e cientista, Dr. Paulo Martins Filho, que tem prestado consultoria tanto à secretaria de estado da Saúde quanto à prefeitura de Aracaju nos trabalhos de combate e prevenção ao novo coronavírus, disse não estar seguro de que a reabertura no dia 18 de junho seja uma decisão acertada.

Segundo ele, no quesito epidemiológico, não houve melhora do quadro em Sergipe, uma vez que a curva da doença ainda é crescente. “Sabemos que este comportamento tem sido adotado em muitos outros lugares do país, mas, também não consideramos o ideal, e a prova é que muitos estados ou municípios que permitiram a reabertura do comércio voltaram atrás porque viram o número de casos subir. Por isso, creio que exista uma grande possibilidade que esta decisão seja revista em breve”, observou o pesquisador.

Dr. Paulo Martins, professor e cientista da UFSEle disse saber que a ampliação do número de leitos de UTI já realizada no sistema de saúde,  e a perspectiva de novas unidades conferirão um patamar razoável ao Estado, porém, é importante lembrar que, hoje, a taxa de ocupação desses leitos, de uma forma geral, ou seja, incluindo os das redes pública e privada, esta cima de 70%. “Por isso considero esta uma decisão arriscada”, frisou.

Dr. Paulo Martins lembrou, ainda, que mesmo havendo a flexibilização é necessário haver protocolos bem estabelecidos para que a população siga, e cuja efetivação deverá, inclusive, ser fiscalizada pelo poder público.

“Se não houver a colaboração da população e uma fiscalização eficiente é bem possível que em duas ou três semanas tenhamos graves problemas, e isto eu digo com base nas tendências e na lógica científica”, comentou o pesquisador. Ainda esta semana ele e o grupo de pesquisa que coordena deverão publicar outro estudo sobre a COVID-19, desta vez, voltado para os casos de óbito provocados pela doença.  Conheça os detalhes do edital clicando no link a seguir PLANO_RETOMADA_DA_ECONOMIA.pdf



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