Curso de Medicina da UFS em Lagarto é reconhecido pelo MEC
29/10/2020
“Sem a interiorização da UFS certamente não teria conseguido me formar em Medicina, porque era um curso que só havia na capital, ou na federal ou em universidade particular e meus pais, que já tinham muita dificuldade para criar os onze filhos, não conseguiriam me sustentar na capital, muito menos pagar faculdade particular. A criação do Campus da Saúde foi o facilitador que me possibilitou realizar um sonho, ainda mais em uma universidade federal, e mudar a história da minha vida”. Esta declaração é do médico João Santos Costa, ou Dr. João Costa, como é mais conhecido entre os pacientes dos municípios sergipanos de Lagarto, onde atende em uma clínica particular; de Tobias Barreto, cujo atendimento é feito por meio do programa Mais Médicos; e de Simão Dias, mais precisamente do povoado Sítio Alto, lugar onde nasceu e no qual a família ainda reside.
“Em Sítio Alto atendo uma vez por mês de forma voluntária e gratuita, porque foi a maneira que encontrei para retribuir todo o bem que recebi”, comentou o jovem médico de 26 anos de idade, filho de um agricultor e de uma dona de casa. João Costa fez parte da primeira turma de médicos graduada no Campus Prof. Antônio Garcia Filho da Universidade Federal de Sergipe, em Lagarto, no ano de 2018. E, a partir de agora, ele tem ainda mais motivos para sentir orgulho da Instituição onde estudou, pois, neste mês de outubro o curso de Medicina da UFS Lagarto foi reconhecido pelo Ministério da Educação, através da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação, conforme descrito na Portaria n° 288, publicada no Diário Oficial da União em 8 de outubro de 2020.
“O reconhecimento é a segurança que damos aos nossos alunos de que o curso por eles escolhido possui excelência e atende a todos os padrões de qualidade impostos. É, ainda, condição obrigatória para que os diplomas emitidos pela nossa Instituição sejam válidos em todo o território nacional, dando aos egressos acesso a todas as oportunidades de trabalho que lhes surgirem, seja no âmbito público, por meio de concurso, ou na iniciativa privada”, explicou o Vice-Reitor da UFS, o Prof. Dr. Valter Joviniano de Santana filho. Única instituição de ensino superior pública de Sergipe, a UFS tem cumprido a importante função social de produzir e difundir conhecimentos voltados para a busca da melhoria das condições de vida da população ao oferecer ensino de excelência, integrado e inclusivo.
JOVEM E TALENTOSO
Embora tenha sido criado em 25 de setembro de 2009, a graduação em Medicina no Campus Lagarto teve as atividades iniciadas em 27 de fevereiro de 2012, portanto, há oito anos, turma da qual o médico João Costa fez parte. De acordo com Marluce Lopes, diretora da Divisão de Regulação e Supervisão da Pró-Reitoria de Graduação da UFS (DIRES/PROGRAD), para reconhecer o curso de uma Instituição de Ensino Superior (IES) o MEC realiza a avaliação das seguintes dimensões: organização didático-pedagógica, quando são aferidos indicadores relativos ao projeto pedagógico, gestão e políticas institucionais do curso, dentre outros itens; corpo docente e tutorial, dimensão na qual são analisados elementos como a formação, experiência, titulação e produção científica dos docentes.
A terceira dimensão avaliada diz respeito à infraestrutura oferecida e, neste item, são averiguadas as salas de aula e da coordenação, os laboratórios, bibliotecas e bibliografia disponibilizada, além de biotérios e unidades hospitalares, no caso dos cursos da área da Saúde. “A implantação do Campus Prof. Antônio Garcia Filho, no município de Lagarto, possibilitou que toda a região centro-sul sergipana fosse beneficiada com a presença de uma instituição vocacionada para diferentes especialidades na área da Saúde, tendo como ênfase a integração com o SUS. A criação do curso de Medicina, especificamente, promoveu a ampliação do número de médicos formados em Sergipe proporcionando crescente inovação tecnológica e melhoria do atendimento médico na região. Já o reconhecido do MEC chancela a formação de profissionais com excelente qualidade técnica para atuar na saúde em qualquer Estado da Federação”. Enfatizou Marluce Lopes.
O CAMPUS LAGARTO
O ingresso do aluno para um dos cursos do Campus Prof. Antônio Garcia Filho ocorre anualmente. Neste mês de outubro foram iniciadas as aulas das turmas 2020.1 e o curso de Medicina recebeu 60 calouros que, assim como o Dr. João Costa, no ano de 2012, estão cheios de planos, desejos e sonhos baseados na futura profissão. “Pode parecer um tanto clichê o que vou dizer, mas, não é: temos que persistir na busca dos nossos sonhos, acreditar neles, termos objetivos a alcançar e fazer com aconteçam porque, tenham certeza, dificuldades e contratempos sempre existirão, pois, nada é de graça, porém, não desistam, agarrem todas as oportunidades que aparecerem porque elas podem não surgir de novo”, aconselha o jovem médico, cuja trajetória é um exemplo a ser seguido.
Descendente de quilombolas, Dr. João Costa é o sétimo dos 11 filhos de um agricultor e de uma dona de casa, e o primeiro a ter um diploma de nível superior na família. Como outros irmãos, ele já teve que trabalhar na lavoura para ajudar no sustento familiar, só que o gosto pelos estudos aliado à compreensão dos pais o fizeram pegar com força não no cabo da enxada, mas, na esperança de um futuro melhor. “Graças a Deus meus pais sempre foram favoráveis ao estudo, por isso, trabalhava na lavoura apenas no período de férias. Como a família era grande, quanto mais mão de obra para a labuta, melhor”, relembra. A vida escolar foi 100% em escola pública. O antigo ensino fundamental foi cumprido em uma escola municipal de Simão Dias e o antigo ensino médio, em uma unidade da rede estadual.
Ao ser aprovado na última edição do vestibular seriado realizado pela UFS, o jovem médico viu-se diante de outro obstáculo: o de ter que morar em Lagarto para poder cursar as disciplinas. “Fiquei bem preocupado em como iria me manter, porque meus pais não teriam como me sustentar durante os anos de estudo, mesmo que fosse em uma cidade mais próxima de casa e, mais uma vez, a Federal de Sergipe foi decisiva em minha história, pois, dela recebi todos os auxílios necessários para cumprir a jornada com toda a dignidade”, comentou. Os auxílios aos quais João Costa se refere são a Residência Universitária, auxílio alimentação (pois, na época, ainda não havia sido construído o Restaurante Universitário), a participação em bolsas de pesquisa, como o PIBIC, e o recebimento de uma bolsa permanência oferecida pelo governo Federal. “Sou muito grato por toda ajuda que recebi, inclusive, a que foi dada pelos meus professores”, ressaltou.
Dois anos após a conquista do diploma universitário, Dr. João Costa afirma que alguns outros sonhos já foram transformados em realidade, e o principal deles foi poder reformar a casa dos pais para dar-lhes um pouco mais de conforto. O próximo passo, segundo ele, será definir qual residência médica cursará. “Tenho algumas em mente, só que ainda não defini nada e, até lá, estou juntando dinheiro para custear o novo momento, que é a continuidade do que comecei na UFS e de onde tenho muito orgulho de ter sido aluno, de ter estudado no Campus Lagarto, que oferece a mesma qualidade e excelência que o Campus da Saúde em Aracaju, e a prova são as boas avaliações que tem recebido ao longo do tempo”, enfatizou Dr. João Costa.
Fonte: Gabinete do Vice-Reitor