Médicos explicam grave quadro de saúde de Paulinha Abelha

22/02/2022


Por Andréa Moura

“Na situação dela, a gente vai um dia de cada vez. Hoje, o nosso interesse é mantê-la viva, e não está sendo uma missão fácil! Não me sinto confortável em falar sobre possibilidade de sequela em uma paciente que, em princípio, o nosso esforço está sendo destinado a mantê-la viva”. Essa declaração foi dada pelo Dr. Marcos Aurélio Alves, neurologista que acompanha o tratamento de Paulinha Abelha, ao ser questionado se havia a possibilidade de ela ter sequelas, em decorrência do grave estado neurológico por ela apresentado.

Essa foi uma das perguntas respondidas pela equipe médica do Hospital Primavera no final da tarde desta terça-feira (22), durante entrevista coletiva à imprensa sobre o estado de saúde da vocalista da banda Calcinha Preta, internada na UTI do hospital desde a noite da última quinta-feira (17). As informações sobre o estado de saúde de Paulinha Abelha foram passadas, também, pelos médicos Ricardo Leite e André Luis Veiga, diretor técnico e médico intensivista da unidade hospitalar, respectivamente.

Internada desde o dia 11 de fevereiro, data em que chegou a Sergipe após shows em São Paulo, a cantora, hoje, apresenta disfunções renal, hepática, respiratória e injúria encefálica severa, traduzida em um coma profundo grave, com severo rebaixamento sensório. Questionados sobre a possibilidade de a cantora estar com morte cerebral, os médicos disseram que, até aquele momento, não havia esse diagnóstico.

“Não há evidência de que o cérebro dela está em morte encefálica. Temos discussão contínua e diária sobre a função neurológica da paciente. A legislação sobre o assunto é clara e precisa sobre quando deve ser aberto o processo de investigação, e não tem essa necessidade no momento. O quadro clínico é monitorado contínua e diariamente”, informou o Dr. André Veiga, médico intensivista que tem acompanhado Paulinha Abelha.

Dr. Marcos Alves explicou que em nenhum momento a equipe médica falou em morte cerebral, mas sim, em coma profundo e, sendo estado de coma, é potencialmente reversível. “Ainda não existe o conceito de irreversibilidade e estamos trabalhando para reverter o processo, melhorando a condição clínica, controlando a disfunção de múltiplos órgãos e sistemas, usando drogas e anti-inflamatórios em doses elevadas para imunossuprimir e proteger o sistema nervoso da paciente”, declarou.

Em busca de respostas

Em um paciente internado na UTI, com quadro clínico grave, não é incomum que uma lesão em um órgão leve outro ao sofrimento. Porém, o diferencial no caso de Paulinha Abelha, como disseram os médicos, é conseguir saber o que deu início à agressão renal – já que não há comprovação de doença pré-existente nos rins - ao ponto de inflamar todo o sistema, em seguida o fígado e o cérebro.

Como nenhuma hipótese está sendo descartada, os médicos avaliam, também, a possibilidade de Paulinha Abelha estar com doença autoimune ou intoxicação medicamentosa.

“Do ponto de vista diagnóstico, temos em andamento um painel toxicológico, onde várias substâncias estão sob investigação laboratorial. Em paralelo, estão em execução análises anatomopatológicas de rim e fígado, tudo isso para tentar elucidar ou deixar um pouco mais claro com o que estamos lidando. Com esses subsídios talvez tenhamos ideia sobre o que mudar ou não no tratamento”, comentou Dr. Ricardo Leite.

Outra pergunta é: o que justificaria a paciente estar, dentro da classificação de coma, na nota 3 da escala de Glasgow, que representa o máximo de gravidade. Essa escala tem por objetivo avaliar o nível de consciência do paciente.

Um quebra-cabeças sendo montado

Diversos exames já foram realizados e outros estão em andamento, visando descobrir o que desencadeou os danos renal, hepático e cerebral em Paulinha Abelha. De acordo com os médicos, algumas suspeitas já conseguiram ser descartadas, como a informação que chegou a ser divulgada por veículos de comunicação de outros estados, de que a paciente estaria em coma por causa de meningite bacteriana.

“Isso não é verdade! Me pesou muito ter visto essa afirmação em um jornal de Brasília, e que nos criou problema. Fomos inqueridos pela saúde pública do porquê termos uma paciente que a mídia divulgada estar com meningite, e o poder público não ter sido informado”, contou Dr. Marcos Alves. Segundo ele, essa Fake News criou conflito para as pessoas que viajaram com a paciente no avião, para saber se precisavam ou não tomar medicamento; e para os que trabalharam com ela no apoio e banda, sem saber se precisavam ser imunizados.

“Se houvesse possibilidade de ela ter um quadro meningítico de natureza bacteriana ou viral, o que seria um problema de saúde pública, a sociedade já teria sido notificada há muito tempo. Por isso, peço à imprensa que use como fonte, para informar seus leitores, o que é colocado oficialmente nos boletins divulgados pelo hospital”, solicitou o neurologista.

Previsão de alta

Em decorrência e persistência das graves disfunções de órgãos e sistemas apresentadas por Paulinha Abelha, a equipe médica informou que não há qualquer previsão de saída da UTI, tampouco de alta hospitalar, enquanto não haja a melhora do quadro clínico e neurológico que permita que ela recupere, principalmente, a parte respiratória. A partir de agora, será divulgado apenas um boletim médico sobre o estado de Paulinha Abelha por dia, entre às 11h30 e 12h, exceto se houver evolução do quadro clínico e neurológico.



Comentários

Nenhum Resultado Encontrado!

Deixe um Comentário

Nome
E-mail
Comentário