Microcrédito: a ajuda certa na hora exata
27/03/2019
Por Andréa Moura
Qual tem sido a saída utilizada por muitos brasileiros para, após receber a notícia de que estava demitido do emprego formal (com carteira assinada), continuar a pagar as contas, a colocar comida na mesa e ter o mínimo de dignidade para sobreviver? O trabalho informal.
De acordo com os dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio Contínua (PNAD Contínua) do Instituto de Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a informalidade tem crescido no país, ou seja, é grande o número de pessoas empregadas, mas sem carteira assinada, ou atuando por conta própria. Em 2017 eram 37,3 milhões de trabalhadores informais, 1,7 milhão a mais que a quantidade do ano de 2016.
Neste ano de 2019, ainda segundo o IBGE, o Brasil possui 12,7 milhões de desempregados e, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os jovens continuam sendo os mais afetados, pois, o grupo com idade entre 18 e 24 anos possui a menor probabilidade de ser contratado e a maior chance de ser demitido.
Mas, o fato de estar na informalidade não significa dizer que as coisas sejam mais fáceis, que não haja a necessidade de planejamento, organização e, principalmente, dinheiro para a aquisição do material a ser comercializado. Em Sergipe, de acordo com um levantamento feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) com base na PNAD Contínua de 2018, cerca de 281 mil pessoas possuem algum tipo de negócio. Desse total, 34% são mulheres e neste grupo, apenas 17% possuem CNPJ, ou seja, têm os negócios formalizados, índice bem inferior à média nacional, que é de 28%.
Diante deste quadro que não tem apresentado muita alteração, o Pra Você Saber decidiu conhecer a história de quatro empreendedores que viram na própria força de trabalho a saída para um futuro melhor, e sem ter que depender do que a maioria da população deseja: a “estabilidade” de um emprego formal.
Nesta matéria especial vamos contar a história do ex-trabalhador de pedreira, que também já foi pedreiro e hoje é dono de um dos mais badalados pontos de lanche da cidade baiana de Coronel João Sá; da professora que descobriu que a verdadeira vocação está em fazer brilhar os olhos de quem prova dos bolos e tortas da confeitaria artesanal que montou; do jovem que se encantou pelo mundo dos óculos de sol quando tinha 14 anos e, atualmente, é dono de uma loja no centro comercial de Aracaju (a única das personagens que formalizou o negócio), e da costureira que, ponto a ponto e horas a fio tem realizado os desejos de uma vida melhor, ao passo em que promove a autoestima das clientes com roupas de fino corte a acabamento.
Essas pessoas também têm em comum o fato de terem encontrado no microcrédito, oferecido pelo Banco do Nordeste, a mão amiga que as ajudou a fazer com que os respectivos negócios ganhassem o fôlego necessário para que o sonho não virasse um pesadelo. Em Sergipe, nos últimos dez anos, o microcrédito urbano do BNB atendeu a 241.980 clientes, que juntos contrataram R$ 2,51 bilhões, empreendedores pertencentes aos setores informal ou formal da economia, a exemplo de microempreendedores individuais, empresários individuais, autônomos ou sociedade empresária, que estavam atuando há mais de seis meses e com faturamento inferior a R$ 200 mil/ano.
Costurando os sonhos de um futuro ainda melhor
Aos 17 anos de idade, quando chegou a Aracaju com o marido e grávida do primeiro filho, a alagoana Maria de Lourdes Sandes Bezerra, 53 anos de idade, sequer imaginava que anos mais tarde estaria costurando para ajudar no orçamento familiar. Agora, 30 anos depois de ter descoberto o que ela considera um dom divino herdado da avó, Maria de Lourdes afirma estar realizada com o caminho que escolheu. “Comecei a costurar aos 23 anos de idade porque precisava, pois aos 20 já tinha quatro filhos. Foi a ocupação que me proporcionou ajudar nas despesas de casa sem ter que estar longe das crianças. Consegui juntar a fome com a vontade de comer”, brinca.
Com os meninos um pouco maiores ela acabou trabalhando fora do domicílio, e foi nesse tempo que ela disse ter passado pela empresa que lhe deu o conhecimento que a transformou em uma costureira que vai da moda praia à roupa para festa de gala. Foi após o final desta confecção que ela decidiu investir na profissão e adquirir a primeira máquina de costura profissional. Sem capital de giro para comprar a tão sonhada overlock, ela recorreu ao microcrédito e viu as portas de um futuro melhor serem abertas.
“Minha primeira operação de microcrédito foi há aproximadamente 20 anos. De lá para cá já fiz outros empréstimos para comprar mais maquinário”, comenta. Hoje, o Ateliê Lu Sandes possui cinco máquinas industrias e gera emprego e renda para outras duas pessoas que trabalham no local, embora ainda não formalizadas.
“Utilizei todos os empréstimos que tomei para comprar maquinário” - Maria de Lourdes Bezerra, costureira
Mesmo depois de estabilizada na profissão e com o nome conhecido no mercado, Maria de Lourdes Sandes confessa que possui outros planos, e que o principal deles é ter um ponto comercial, pois, segundo ela, embora tenha a comodidade de trabalhar em casa, o apartamento onde reside é, atualmente, metade negócio e metade lar.
“E, para tanto, já está na lista um novo empréstimo porque sei que posso contar com esta ajuda, que tem juros pequenos e não me deixa pôr as mãos onde não posso alcançar. Se hoje sou o que sou e quem sou foi por causa da ajuda que recebi desde o início através dessa linha do banco, que, agora, virou meu capital de giro”, disse a costureira. A cada seis meses ela solicita R$ 12 mil para comprar de material. “Me sinto realizada e motivada a continuar, porque, graças a Deus, as coisas têm dado certo”, concluiu.
Visão além do alcance
Para uma criança de 14 anos de idade, recém-chegada a Aracaju da cidade Fátima, no agreste baiano, onde morava com os pais e mais 11 irmãos, e que desde os 12 anos trabalhava na roça, o mundo da capital poderia oferecer diversas coisas para que ela se encantasse, desde a brincadeira ao trabalho. E ela escolheu trabalhar vendendo óculos de sol. Como? Por intermédio do irmão mais velho, com quem veio tentar a sorte em Sergipe.
Foi assim que Lucas Costa Santos, 23 anos de idade, passou a gostar da cores e formatos dos óculos de sol ao ponto de, sete anos após esse primeiro contato, ser o proprietário da Central dos Óculos, localizada na Travessa João Quintiliano da Fonseca, bem no coração do centro comercial aracajuano.
“A gente veio para ter uma vida melhor que lá na roça, naquela época, as coisas eram difíceis demais. Meu irmão começou a vender óculos em uma banquinha na rua eu o ajudei nisso. Eu vendia o produto nas ruas do centro ou na praia, e tomei gosto pela coisa”, relembra o microempresário. A loja, bem equipada e já oferecendo outros acessórios, como bonés, em nada lembra o período da informalidade, e ele conta que o impulso necessário para chegar ao ponto atual foi o primeiro empréstimo feito na modalidade microcrédito urbano.
Ele ainda trabalhava nas ruas quando adquiriu R$ 1 mil, quantia que foi completamente revertida em mercadorias. Hoje, que o negócio dele já atingiu outro patamar, sendo, inclusive, legalizado, embora ainda não tenha condições de contratar funcionários, Lucas Santos contrata valores mais altos e em outra categoria do microcrédito além do grupo, a individual.
“O microcrédito é o parceiro ideal para quem quer trabalhar e tem coragem de batalhar” – Lucas Santos, microempreendedor
“Sinceramente não consigo lembrar, ao certo, quantas operações de crédito nesta linha eu já fiz, mas garanto que todas foi para comprar mercadoria, para ajudar a ter o que girar na loja. Sou muito grato por esta oportunidade que o Banco do Nordeste me deu e sei que em outra instituição não conseguiria chegar onde cheguei, porque a burocracia seria muito grande, não haveria a facilitação que nós, pequenos empresários, temos acesso. Para quem quer trabalhar e tem coragem de batalhar ele é o parceiro ideal”, declarou Lucas Santos.
Embora não saiba precisar a quantidade de óculos vendido a cada mês na loja, ele disse, com certeza, que não são menos de cem unidades, e confessa, ainda, que precisa aprender mais sobre este novo mundo dos negócios, para tanto, já tem em mente outro futuro parceiro: o Sebrae.
“Preciso aprender tudo sobre meu ramo, sobre como gerir melhor até para que o sonho de ter mais uma loja não demore muito a acontecer, por isso, o próximo passo é buscar aprender com quem pode me ensinar ainda mais. Mas claro, sem abrir mão de quem vem me apoiando ao longo dessa caminhada”, observou.
O doce sabor da conquista
Aos 22 anos de idade e prestes a terminar o curso de Letras Português – Espanhol, Soraia de Souza Santana descobriu, na prática, que a sala de aula não seria um doce mundo para ela. “Na metade do curso comecei a me questionar se era isso mesmo o que eu queria. Mas, foi no estágio supervisionado em uma escola pública, e ao ter um contratempo com aluno, que tive a certeza de que aquilo não era para mim”, confessou a jovem.
Mas, o que fazer para ter satisfação pessoal e conseguir se sustentar? Nem ela mesma sabia o que fazer e foi, durante uma conversa com o pai e analisando o mercado, que decidiu flertar com a confeitaria, mesmo sem, naquela época, saber bater uma massa, como ela mesma confessou. “O início foi difícil, nem conseguia abrir uma massa de pasta americana, mas eu estava disposta a tentar”, contou.
Aos poucos e, de curso em curso, o flerte virou namoro e estimulada pela avó materna logo virou um casamento, que foi oficializado com a graduação em Gastronomia, há aproximadamente dois anos e meio. E foi em um mês de dezembro, em uma disciplina que ensinava a fazer panetones artesanais, que Soraia Santana conheceu o novo companheiro de jornada: o microcrédito.
Ela lembra que o primeiro valor solicitado foi R$ 1 mil para comprar o material necessário para confeccionar os produtos. “Conheci o banco e a modalidade por meio de um panfleto que recebi na rua, e foi a melhor coisa que poderia ter acontecido, porque os panetones deram certo e comecei a ver novas possibilidades”, contou Soraia Santana.
“Sem investimento não há retorno” – Soraia Santana, confeiteira artesanal
Após ter descoberto o dom que sequer imaginava carregar, e convicta de que já estava preparada para atender os pedidos das futuras clientes, pois já tinha feito cursos paralelos para aprimorar a confecção de bolos e tortas artesanais, Soraia passou a oferecer os serviços por meio das redes sociais.
Com o crescimento da demanda veio também outras necessidades, e uma delas foi a de sair da cozinha da casa da mãe e alugar um espaço para a produção. Espaço novo e mais necessidades aparecendo, como a aquisição de equipamentos específicos para a profissão, e foi neste momento que o microcrédito se tornou ainda mais importante. Ela contou que o empréstimo mais recente que fez foi para comprar o freezer, a batedeira industrial e materiais, pois este ramo é caro e requer investimento constante.
“Sem investimento não há retorno. Comecei com uma coisa bem pequena, tinha meses que não recebia uma encomenda sequer, mas sempre tive em mente que quando estivesse preparada Deus mandaria os clientes, e assim aconteceu, e assim tem sido, por isso tenho que estar sempre melhorando, e o microcrédito tem me ajudado demais desde o início, pois sem ele não teria o capital de giro necessário para investir e conseguir meus tão desejados clientes”, enfatizou.
As pedras do caminho viraram degraus para a subida
Se teve alguém que soube, literalmente, usar as pedras encontradas na estrada e transformá-las em caminho para mudar de vida, este alguém foi José Freire de Jesus. Aos 64 anos de idade, uma das satisfações que ele possui é contar como se tornou, há 25 anos, dono de um dos pontos de lanche mais populares do município baiano de Coronel João Sá: o Pajaú Lanches.
Isso porque, como ele mesmo diz, a vida nunca foi fácil, principalmente para quem trabalhava em uma pedreira cortando paralelepípedo. Deste ofício, tornou-se pedreiro, até o dia em que decidiu mudar e se aventurar no ramo de lanches. Ele lembra que na época não tinha dinheiro para investir e foi o momento em que conheceu o microcrédito urbano, oferecido pelo Banco do Nordeste na cidade vizinha, Carira, em Sergipe.
A mudança de realidade começou ao tomar emprestado R$ 400, há 20 anos e, desde então, já foram 27 operações de crédito que, segundo ele diz, foram as responsáveis por impulsionar a construção de dias felizes para a família.
“Para quem sabe investir não tem bênção melhor que o microcrédito, é uma verdadeira mãe! Foi por causa dessa ajuda que consegui ter carro, moto, ampliar o negócio, aumentar para cinco tarefas a área do sítio, que passou a produzir não só palma, mas também feijão e melancia. Meus cinco filhos hoje estão bem, estabilizados, cada um em suas casas e com seus carros por causa do que o microcrédito nos propiciou”, fala todo faceiro.
“O microcrédito foi o responsável por impulsionar a construção de dias felizes para a minha família” – José Freire de Jesus, dono da Pajaú Lanches
De empregado ele passou a ser empregador, mas, basicamente dos próprios parentes, principalmente dos filhos, noras/genros e netos. O trailer, localizado na Praça Santo Antônio, a principal de Coronel João Sá, abre todos os dias desde os primeiros horários da manhã e só tem as atividades encerradas nas primeiras horas da madrugada. Por causa do intenso movimento, Pajaú, como é conhecido na cidade, estima vender cerca de quatro mil hambúrgueres por mês.
Segundo ele, o apoio que recebe há cerca de 20 anos do microcrédito urbano foi o responsável não só pela mudança de vida, mas também, pela manutenção da própria existência, pois, há aproximadamente oito anos, de forma repentina, teve de ser operado para desobstrução das veias do coração. “Até nisso ele me ajudou, porque, se não tivesse conseguido evoluir, ano após ano, tendo o capital de giro para o negócio sempre que precisei, não teria juntado o dinheiro que pagaria minha cirurgia”, relembra emocionado.
Conhecimento é poder!
Em outubro do ano passado o IBGE apresentou a demografia das empresas brasileiras e os dados mostraram que, no ano de 2016, a taxa de entrada das empresas, que é a relação entre o número de empresas que entraram no mercado e o total de empresas caiu pela sétima vez consecutiva, chegando em 14,5%, sendo este o menor valor da série histórica iniciada em 2008. Já a taxa de saída, que é a relação entre o número de empresas que fecharam e o total de empresas, após ter caído entre 2014 e 2015, voltou a crescer em 2016, passando de 15,7% para 16,1%. O estudo demográfico também mostrou que, pelo terceiro ano seguido, o saldo total de empresas ficou negativo, registrando um decréscimo de 1,6% no número de empresas, 70,8 mil a menos (estas são informações contidas no site do IBGE).
Especialistas apontam que, dentre os motivos que fazem com que um negócio não consiga sobreviver estão a falta de conhecimento do mercado; a falta de planejamento; a inexistência de uma gestão eficiente, e a conjuntura econômica.
Como alguns dos entrevistados do Pra Você Saber disseram que o próximo passo deles rumo ao sucesso do negócio é buscar auxílio junto ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), nós fomos até a unidade do Serviço em Sergipe para buscar dicas para quem é empreendedor e faz uso do microcrédito, ou tem o desejo de passar a integrar este mundo. As respostas aos nossos questionamentos foram dadas por Adriana Lira, analista técnica do Sebrae/SE.
PRA VOCÊ SABER - Após conseguir o microcrédito e utilizá-lo, quais os cuidados que os empreendedores devem ter para aprimorar mais o negócio, fazer com que o dinheiro investido dê frutos e eles se transformem em cases de sucesso?
ADRIANA LIRA - O microcrédito é uma política pública que busca viabilizar e contribuir com desenvolvimento dos pequenos negócios. Geralmente é adotado por empreendedores que apresentam dificuldades de acesso ao serviço financeiro tradicional. Ao contraí-lo, os empreendedores devem já ter elaborado um plano de negócio, instrumento muitas vezes exigido no momento de conceder o crédito. Esse documento deve conter informações detalhadas sobre o ramo, produtos e serviços, clientes, concorrentes, fornecedores e, principalmente, pontos fortes e fracos do negócio, ajudando na identificação da viabilidade de sua ideia e da gestão da empresa.
PVS - Como o SEBRAE pode ajudar nisso?
AL - O Sebrae oferece orientações sobre como montar esse plano, disponibilizando, inclusive um software gratuito e um manual com todas as instruções para o seu preenchimento. Depois de reunir todas essas informações o empreendedor também pode buscar o nosso apoio para discutir esse plano e analisar a viabilidade do negócio. A orientação empresarial pode ser agendada pela nossa Central de Relacionamento, por meio do telefone 0800-570-0800.
PVS - O que o Sebrae teria a oferecer para essas pessoas em termos de aperfeiçoamento/capacitação?
AL - Além da orientação, também disponibilizamos uma série de capacitações para quem busca melhorar a gestão do empreendimento. São cursos e palestras em áreas como finanças, atendimento ao cliente, gestão de pessoas, empreendedorismo, controles financeiros, marketing e diversos outros temas relacionados ao ambiente empresarial. Eles podem ser feitos presencialmente ou à distância, por meio da nossa plataforma EAD.
PVS - Qual a visão do Sebrae sobre o modo informal de atuação? Quais os benefícios e malefícios desse caminho? Como afastar o medo que muitos têm em formalizar o negócio?
AL - O universo da informalidade é um risco para o empreendedor. O negócio se torna limitado quanto à possibilidade de crescimento e suscetível a riscos trabalhistas. Com o negócio formalizado crescem as chances de estabelecer parcerias, além de aumentar a segurança nos investimentos, e estar em conformidade com a legislação, seja no âmbito federal, estadual ou municipal. A personalidade jurídica do microempreendedor individual (MEI), na qual a pessoa trabalha por conta própria, acabou se tornando um mecanismo facilitador para que os empreendedores se tornem formais perante o mercado, além de proporcionar uma vantagem competitiva no momento de negociações. O desafio do Sebrae é apoiar esse público com informações inteligentes e úteis sobre o processo de gestão, principalmente com uma visão antecipada das condições de mercado para que possam tomar decisões objetivas e com riscos calculados, o que nos leva a priorizar a etapa do “Planejamento”.
PVS – Existe um caminho para o sucesso?
AL - Em toda a trajetória profissional (e na vida) é comum encontrarmos “dificuldades” e, então, nos deparamos com a tomada de decisão: ficar parado ou arriscar? O medo faz com que a primeira alternativa seja escolhida, pois ficar no mesmo lugar faz com que nada de errado aconteça. No entanto, quem não arrisca não avança, pois o medo é inimigo do sucesso. O que aconteceu com os mais de oito milhões de empreendedores que se formalizaram como MEI? Valorizaram a coragem e decidiram sair da zona de conforto, contribuindo de forma significativa com o desenvolvimento econômico do País. Planeje quantas vezes for necessário, coloque no papel todos os argumentos que o motivam a empreender e você verá que fica mais fácil tomar uma decisão mais ousada.
Ótima oportunidade que tem de ser levada a sério
“O microcrédito, no cenário brasileiro, veio para oferecer às pessoas que não têm condições de dar bens como garantia real ao banco, acesso a empréstimo com valores baixos, portanto, foi criado para atender àqueles que possuem renda baixa ou a empreendedores que atuam na informalidade”. Esta é a definição desta modalidade de operação de crédito na visão do contador tributarista e professor universitário Rodrigo Dias de Oliveira Rosa.
Segundo ele, por serem valores pequenos e com juros que chegam, ao máximo, aos 8% ao final do contrato, já oferece ao beneficiado vantagem quando na compra das mercadorias à vista, caso consiga, por exemplo, um desconto de 10 ou 15%.
“Agora, é preciso ter muito cuidado e resistir, caso apareça, à tentação de utilizar o dinheiro para outra finalidade que não seja a de investir no negócio, como por exemplo, quitar alguma dívida, porque, neste caso, a pessoa só estará criando uma bola de neve financeira”, aconselha Rodrigo Rosa.
Ele disse, ainda, que mesmo sendo uma operação facilitada e com juros baixos, é preciso que o candidato pense bem em todas as situações possíveis antes de adquirir um microcrédito, porque ele dá muito certo para quem é empreendedor, ou seja, para quem monta um negócio visando atender as necessidades dos futuros clientes, e não as próprias necessidades.
“Sem dúvida que o microcrédito é algo muito interessante e que gera ganho social ao promover o que chamados de igualdade, ao dar oportunidade de crédito a quem, muitas vezes, não conseguiria acessar valores para investimento por outras modalidades do sistema”, declarou.
Mas, quem é elegível nesta modalidade? Essas perguntas foram feitas pelo Pra Você Saber ao Gerente de Microfinanças em exercício do Banco do Nordeste em Sergipe, José Álysson Torres dos Santos. As respostas, você confere a seguir:
PRA VOCÊ SABER - Quais os requisitos para obter o microcrédito urbano?
JOSÉ ÁLYSSON TORRES DOS SANTOS - Ser maior de 18 anos de idade. Para crédito em grupo é necessário reunir amigos empreendedores, que morem ou trabalhem próximos e que confiem uns nos outros, pois esta união possibilita o “aval solidário”, que é a garantia conjunta para pagamento das prestações. Para o crédito individual existe a garantia de coobrigado; o faturamento da atividade deve ser de até R$ 200 mil ao ano, além de ter ou querer iniciar uma atividade comercial. Os documentos necessários para o cadastro da proposta são os básicos para a maioria das operações de crédito, ou seja, CPF, documento de identificação com foto, e comprovante de residência atual.
PVS – Quais as vantagens desta operação, quando comparada a outras modalidades de crédito?
JATS – Abertura de conta corrente; possibilidade de créditos escalonados e crescentes; juros baixos; o empréstimo é liberado de uma só vez, até sete dias úteis após a solicitação; atendimento personalizado no local de trabalho do cliente; orientação empresarial; valores que variam entre R$ 100 e R$ 15 mil, de acordo com o produto, a necessidade e o porte do negócio; os empréstimos podem ser renovados e evoluir para até R$ 15 mil, dependendo do produto, da capacidade de pagamento e da estrutura do negócio, sendo que este será o valor de endividamento máximo do cliente.
PVS – Qual orientação/capacitação é dada a quem recebe o crédito?
JATS – Os empreendedores recebem informações para melhorar a atividade. São informações sobre vendas, planejamento, uso do crédito, qualidade, marketing, cuidados ambientais e educação financeira, dentre outros assuntos.
P.S.: A ilustração utilizada nesta matéria foi retirada da Internet.
Comentários
Eu faço parte dessas histórias de sucesso. CrediAmigo 20 anos realizar sonhos, esse é o nosso maior crédito!
Consigo perceber a diferença que o microcrédito faz na vida dos empreendedores, auxiliando com capital de giro, orientação, trazendo desenvolvimento e melhoria na qualidade de vida dos nossos clientes parceiros. Estes empreendedores da matéria estão de parabéns pelo empenho, dedicação e por ter seguido à risca as orientações sobre a importância de investir o crédito de forma correta.