Pureza, com Dira Paes, estreia dia 19 de maio

18/05/2022


Vencedor de 28 prêmios nacionais e internacionais, o longa “Pureza”, protagonizado por Dira Paes, estreia em todo o Brasil nesta quinta-feira, 19 de maio. Dirigido por Renato Barbieri e produzido por Marcus Ligocki Jr, o filme é inspirado na história real de Dona Pureza, uma mãe brasileira que, durante três anos, desafiou todos os perigos para encontrar o filho e se tornou um símbolo do combate ao trabalho escravo contemporâneo.

A trajetória de luta de Dona Pureza foi reconhecida internacionalmente e, assim, em 1997, ela recebeu em Londres o Prêmio Antiescravidão, oferecido pela organização não-governamental britânica Anti-Slavery International, a mais antiga organização abolicionista em atividade.

O filme "Pureza" emociona e chama atenção para uma das causas mais importantes no Brasil e no mundo: a erradicação do trabalho escravo contemporâneo. É um filme de impacto que pretende criar o ambiente propício para a sensibilização e conscientização da sociedade brasileira para essa realidade, ainda existente no país, conclamando a sociedade brasileira a engajar-se pela definitiva erradicação do trabalho escravo contemporâneo, e pela promoção do trabalho digno no Brasil.

De acordo com o diretor do longa, Pureza tem carga de realidade suficiente para despertar a sociedade brasileira para a tragédia do trabalho escravo contemporâneo, e ainda atuar de forma preventiva para essa situação. Renato Barbieri diz que, quando um trabalhador comum assiste ao filme, entende a mecânica do trabalho escravo, como acontece o aliciamento, por que os documentos são confiscados.

“Estamos fazendo sessões em regiões vulneráveis para aumentar a consciência do país sobre esse gravíssimo problema que afeta a dignidade humana. É necessário abrir os olhos e o coração da sociedade brasileira para o trabalho escravo. Precisamos virar essa página dramática de nossa História", diz Renato Barbieri.

O longa-metragem é um filme ficcional com um processo inédito de engajamento social, desde a viabilização, que conta, até agora, com a participação de mais de 85 organizações atuantes na causa. É uma produção de Gaya Filmes e Ligocki Entretenimento, com distribuição da DownTown e Paris Filmes, e o protagonismo da atriz Dira Paes, como Pureza.

Um pouco de Pureza

Dira Paes e Dona Pureza - Foto Divulgação

Pureza Lopes Loyola nasceu em Presidente Juscelino, município a 85 km de São Luís/Maranhão, e se mudou para Bacabal, a 240 km da capital, onde o marido tinha parentes. Com o fim do casamento, a sobrevivência passou a depender da olaria e da venda de tijolos na qual trabalhava, ombro a ombro, com os cinco filhos. Evangélica, alfabetizou-se aos 40 anos de idade com o objetivo de ler a Bíblia.

Em 1993, depois de meses sem notícias do filho caçula, Antônio Abel, que partira em busca da sorte no garimpo, Pureza decidiu seguir o rastro do garoto. Com a roupa do corpo e munida de uma bolsa, da Bíblia e uma foto de Abel, Pureza estava decidida a encontrá-lo vivo ou morto. Sabia apenas que ele tinha ido ao Pará.

Na busca por Abel, Pureza visita fazendas e descobre um perverso sistema de aliciamento e escravidão de trabalhadores “contratados” para derrubar grandes extensões de mata nativa, a fim de converter a área em pastagem para o gado.

De fazenda em fazenda, Pureza conheceu de perto o drama dos peões, tornando-se amiga e confidente de muitos trabalhadores. Conheceu por dentro o sistema pelo qual os empregadores confiscavam documentos de identidade dos empregados, o que os tornavam totalmente dependentes dos encarregados para obter roupa, comida e produtos básicos. Ouviu relatos dramáticos de trabalhadores que poderiam ser mortos se tentassem se rebelar ou fugir.

Com a ajuda da Comissão Pastoral da Terra, a CPT, Pureza entrou em contato com o Ministério do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho no Maranhão, no Pará e em Brasília. Chegou a escrever cartas para três presidentes da República: Fernando Collor, Itamar Franco (o único que lhe respondeu) e Fernando Henrique Cardoso. Até hoje, ela guarda uma cópia de cada uma dessas cartas. Hoje, Abel vive em Bacabal com Pureza e a família.

Luta não foi em vão

A batalha de Pureza para encontrar Abel deu impulso decisivo à criação, em 1995, do Grupo Especial Móvel de Fiscalização, que uniu auditores-fiscais do trabalho, policiais federais e procuradores do trabalho para viabilizar o cumprimento da lei e a observância de direitos trabalhistas, em todo o território nacional.

Entre 1995 e 2021, o Grupo Móvel libertou mais de 57 mil trabalhadores em condições análogas à escravidão. Em 2018, segundo estimativas da Walk Free Foundation, 369 mil pessoas foram submetidas à escravidão no Brasil.

No mesmo ano, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 40,3 milhões de pessoas foram submetidas à escravidão no mundo. A política de combate ao trabalho escravo no Brasil se tornou referência mundial. No atual governo federal e no Congresso, o combate ao trabalho escravo enfrenta retrocesso.

Fonte: Assessoria de Imprensa



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