Vacinas fora da validade podem ter sido aplicadas no Brasil

02/07/2021


A notícia publicada pela Folha de São Paulo nesta sexta-feira, 2 de julho, de que cerca de 26 mil doses vencidas da vacina Astrazeneca foram aplicadas nos brasileiros deixou o País inteiro em alerta, e um dos motivos é que, caso se confirme esse erro vacinal, milhares de pessoas estão sem a devida imunização e, portanto, completamente vulneráveis ao novo coronavírus.

A matéria, escrita pelos jornalistas Estêvão Gamba e Sabine Righetti, foi construída tendo como base dados oficiais do Ministério da Saúde, como informou a Folha de São Paulo. Ainda de acordo com o levantamento, até o dia 19 de junho os imunizantes com prazo de validade vencido haviam sido utilizados em 1.532 municípios brasileiros, sete deles, de Sergipe.

De acordo com a lista divulgada pelo veículo de comunicação, o Estado seria um dos nove da Federação, além do Distrito Federal, a aplicar até 250 doses após o prazo de validade. Isto teria acontecido nos municípios de Capela (quatro doses), Itabaiana (quatro), Nossa Senhora do Socorro (três doses), Nossa Senhora da Glória, Aracaju, Lagarto e Estância (cada uma tendo aplicado uma dose vencida). Ao todo, essas sete localidades teriam utilizado 15 doses do imunizante sem eficácia.

Segundo a matéria da Folha de São Paulo estariam com o problema os seguintes lotes da vacina Astrazeneca: 4120Z001, 4120Z004, 4120Z005, CTMAV501, CTMAV505, CTMAV506, CTMAV 520 e 4120Z025. O lote 4120Z001 teria sido o primeiro a vencer, em 29 de março de 2021, e o mais recente a sair da validade, em 04 de junho de 2021, teria sido o 4120Z025.

Ao ser procurada no início da tarde desta sexta-feira pelo Pra Você Saber, a secretaria da Saúde do Estado de Sergipe ainda não havia se apropriado das informações necessárias. Mais tarde, enviou a seguinte nota:

“A Secretaria de Estado da Saúde informa que orientou os municípios para realizarem a busca no banco de dados para identificar se de fato ocorreu a aplicação de doses vencidas. À princípio, a Secretaria de Saúde analisa como um erro de registro, uma vez que a informação trazida na reportagem se refere a aplicação, em alguns municípios, de apenas uma dose vencida e não há frascos do imunizante contendo apenas uma dose. Cada frasco traz de 5 a 10 doses. Assim, a princípio, o envio de uma informação para o sistema do Ministério da Saúde referente a uma dose com a data "vencida" pode ser um erro de registro. Essas pessoas não precisam ir até as unidades básicas de saúde. Os municípios, após essa verificação, entrarão em contato com essas pessoas”.

Já a secretaria da Saúde de Aracaju, uma das cidades sergipanas citadas no levantamento da Folha de São Paulo, e onde teria ocorrido a aplicação de apenas uma dose vencida, informou que não recebeu nenhum lote fora da validade, pois as 12.300 doses do lote 4120Z005, que venceria no dia 14 de abril foram aplicadas até o dia 6 de abril, portanto, dentro do prazo estipulado pela fabricante. Quanto à dose citada na matéria da Folha, disse ter sido fruto de um erro de digitação da servidora da sala de vacina, que teria registrado o número de lote correto no cartão do usuário, e o errado, no sistema.

ESTAVA VENCIDA, E AGORA?

Dr. Diego Tanajura. Foto: Ana Clara Abreu/UFS

De acordo com o professor da Universidade Federal de Sergipe, Diego Moura Tanajura, doutor em Patologia e Especialista em Vacinas, caso tenha ocorrido mesmo a vacinação com imunizante vencido, a pessoa que recebeu a dose não pode ser considerada protegida da doença. “Se aconteceu mesmo houve o que chamamos de erro vacinal e, no que diz respeito à imunologia, não consideramos a dose aplicada como válida, consequentemente, a pessoa não está imunizada contra a Covid-19”, explicou o professor.

Dr. Diego Tanajura disse ainda que as “vítimas” deste erro vacinal devem ir às Unidades Básicas de Saúde dos locais onde residem para registrar o caso e receber as orientações necessárias. A aplicação de uma nova dose deve acontecer após 28 dias. “O grande problema que essa situação causa, em termos imunológicos, é que se a pessoa tomou a primeira dose certa e segunda vencida, ela não estará completamente imunizada e, portanto, exposta ao vírus. E se o problema foi na primeira dose, ela estará praticamente sem proteção”, alertou o professor.

Foto principal: da Agência Brasil/EBC



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