Tempo é cérebro! A vida depois do AVC
28/12/2024
Por Andréa Moura
A falta de conhecimento sobre os sintomas do Acidente Vascular Cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame cerebral, tanto por parte da população quanto de alguns profissionais de saúde, deixou sequelas na vida da representante comercial Maria de Fátima Souza, 44 anos, casada e mãe de duas filhas.
Em setembro de 2021, a demora em buscar ajuda na rede pública de saúde, uma triagem malfeita e o despreparo médico, foram os ingredientes perfeitos para agravar um AVC hemorrágico, que quase provocou a morte de Maria de Fátima. Infelizmente, a sergipana passou a fazer parte das estatísticas sobre a doença.
Estudo publicado em outubro de 2024 na revista científica The Lancet Neurology, apontou que no mundo, os casos de AVC cresceram 14,8% em pessoas com idade inferior aos 70 anos, e que este ano foram registrados mais de 12 milhões de vitimados pela doença. Dados da Rede Brasil AVC mostram que no país, cerca de 18% dos AVCs aconteceram em pessoas com idade entre 18 e 45 anos.
De acordo com o site da Sociedade Brasileira de AVC, levando em consideração as informações do Portal da Transparência do Centro de Registro Civil (CRC) do Brasil, e baseadas nos atestados de óbitos, as mortes por AVC no país têm crescido desde 2019, ultrapassando as causadas por infarto. Em 2019 foram 103.769 óbitos; em 2020 foram 104.847; em 2021 o AVC matou 109.431 brasileiros; em 2022 foram 115.090; e em 2023, o Portal registrou 112.052 óbitos. Este ano, até o mês de agosto, de acordo com o CRC, 50.133 brasileiros morreram em consequência do AVC.
Um dia de cada vez
Atualmente, três anos depois de ter sofrido o AVC, Maria de Fátima ainda está no processo de reabilitação das fortes sequelas deixadas pela doença, que atingiu a fala e a capacidade motora, entre outras. Com passos lentos, fala baixa e ainda um pouquinho “enrolada” em alguns momentos, ela contou que existe vida após o AVC, e que tudo, dia após dia, tem sido aprendizado.
Entre as lições aprendidas estão: a se alimentar melhor, a praticar atividade física, a tomar os medicamentos na hora e da forma correta, pois ela era hipertensa, não ingeria os remédios como deveria e “comia de um tudo”, como ela afirmou. Maria de Fátima possuía três dos fatores de risco para a doença, que são a hipertensão (a principal), sedentarismo e má alimentação.
“Antes era uma pessoa muito ativa, saía muito de casa, passeava muito, trabalhava, levava e buscava filha na escola. Era muito independente. Depois da doença, não é que não faça mais as coisas, mas preciso de alguém ao meu lado, me ajudando. Até o artesanato, que amo fazer, não consigo mais produzir tudo como antes. Mas essa é a minha vida, e tenho me empenhado em fazer o que é preciso para melhorar cada vez mais”, contou.
Maria de Fátima é acompanhada pela unidade de Salvador/BA da REDE Sarah, também conhecida como Hospital Sarah Kubitschek, e tem como retaguarda, aqui em Aracaju, capital sergipana, o Hospital Universitário, da Federal de Sergipe (HU/UFS). Além disso, pratica musculação e é acompanhada pela professora Edvany Teles, do Studio Dez. Mesmo já tendo reconquistado um pouco da autonomia, relembrar o dia do AVC ainda possui forte carga emocional, e os olhos marejaram ao direcionar a memória para 2021.
Como tudo aconteceu
Seria mais um dia normal para Maria de Fátima: trabalhar e cuidar da família, se não fosse por um detalhe percebido pela filha: a boca dela estava torta. “Era início da tarde, ainda. Ela me falou e eu não quis acreditar, nem fui olhar no espelho. Continuei a vida”, relembrou.
Somente por volta das 18h40 foi que a então representante comercial decidiu ir buscar atendimento médico na UPA Zona Sul, em Aracaju. Uma triagem malfeita e que a deixou esperando por quase duas horas, pois somente às 20h20 ela foi atendida pelo médico, precederam ao episódio de o médico ignorar o conselho de um estagiário em medicina, que o alertou sobre os sintomas apresentados serem de AVC, e a diagnosticou com stress.
“Ele disse ao estagiário que o médico era ele, que eu estava com stress e mandou aplicar uma injeção em mim, depois dessa injeção piorei muito, parei de andar e comecei a enrolar a fala. O médico mandou fazer exame de coração, e eu só piorava, mesmo assim, me mandaram de volta para casa, cheguei carregada, nos braços dos outros”, contou Maria de Fátima.
Foi então que o genro dela ligou para um amigo médico que trabalha no Huse, e ele o orientou leva-la com urgência para o hospital geral. Após a tomografia veio a confirmação do AVC, que já havia causado uma grande mancha no cérebro. Maria de Fátima permaneceu internada no Huse por cerca de quatro dias. A orientação médica era entubá-la, mas a família não permitiu com medo da Covid-19. E justamente por causa da pandemia, Maria foi encaminhada para casa, após nova tomografia, fisioterapia e medicamentos.
Anjos em forma de amigos
Foi da amiga Maria Cecília Nunes da Silva, 70 anos, Engenheira de Pesca aposentada, que partiu a ideia de cadastrar Maria de Fátima na REDE Sarah para tentar a sorte de ela ser tratada na instituição, que é referência em reabilitação de pacientes em diversas áreas, entre elas ortopédica, neurológica e pediátrica, com cerca 1,9 milhão de atendimentos por ano.
“Pesquisando, entendi que os três primeiros meses pós AVC são fundamentais para o sucesso da reabilitação, por isso realizamos vaquinha para pagar a fisioterapia o máximo de tempo possível. Mas é algo caro, e então fizemos o cadastro dela no Sarah, e para a nossa surpresa e felicidade, a resposta positiva veio em menos de um mês, e ela passou 45 dias lá internada, somando as duas vezes que foi para Salvador para ser tratada”, comentou emocionada Maria Cecília.
O tratamento na REDE Sarah está sendo excepcional, avaliaram os envolvidos, e os resultados logo apareceram, pois Fátima voltou de Salvador já dando alguns passos, coisa que não poderiam imaginar. E somado à reabilitação do Sarah, o que ajudou muito na virada de chave e melhora significativa da situação da sergipana, foram as sessões de musculação no Studio Dez Treino Personalizado, iniciadas no primeiro semestre de 2022.
A professora que acompanha Maria de Fátima é Edvany Teles, especialista em reabilitação motora, que com dedicação e carinho foi quebrando as resistências que a aluna apresentava, e hoje a relação é, também, de amizade.
Edvany Teles afirmou que Fátima chegou ao Studio muito debilitada, e que quando a viu pensou: ‘senhor que desafio me destes’. Lembrou também que ficava muito apreensiva, porque nas primeiras sessões a aluna não conseguia sustentar o próprio corpo.
“Ela sentava no caixote, e se a soltasse, ela caía para o lado. Graças a Deus, que com amor e dedicação o tempo foi passando, e o trabalho em conjunto avançando. Consegui entender Fátima, trabalhar as oscilações emocionais, que por sinal, influenciam muito no tratamento, e o planejamento que tracei para ela começou a acontecer. O primeiro deles foi ela voltar a andar, e com autonomia”, declarou Edvany Teles.
Evoluindo 1% a cada dia
Além da progressão da marcha, Fátima também voltou a realizar movimento de pinça com as mãos, e a ter mais equilíbrio. A inclusão de exercícios de alongamento e mobilidade despertaram a musculatura da paciente, que passou a ter força, sensibilidade e movimentos precisos com as pernas. E ainda houve mais conquistas, como o fato de ela fazer atividades na bike e na esteira, onde já caminha sozinha por cinco minutos.
“Ela é monitorada o tempo todo. Faço medições de pressão arterial, dos batimentos cardíacos, respiração, e toda essa observação é importante porque auxilia nas decisões que tomarei, nos próximos passos. Aqui, no ponto onde chegamos, é apenas o início da jornada. Avançamos muito, é verdade, mas temos muito mais conquistas para alcançar, e a próxima será ela voltar a dirigir”, anunciou a profissional.
Edvany Teles brinca ao comparar o trabalho que realiza com Fátima a uma pós-graduação, já que teve que estudar muito mais, e adentrar em terrenos antes desconhecidos para poder ajudar a aluna. E o reconhecimento de tanta dedicação veio em forma de mensagem, enviada por uma das médicas da REDE Sarah que acompanha Fátima. Ela parabenizou Edvany pelos resultados, e afirmou que a professora a desmentiu, uma vez que o diagnóstico sugerido era de que, possivelmente, Fátima não mais andaria.
“Fátima é como balão em minha vida, me levou para cima, impulsionou minha carreira, e hoje sei que sou uma profissional melhor, mais preparada, e apta para ajudar outras pessoas a serem reabilitadas”, avaliou Edvany Teles.
AVC tem tratamento, mas requer agilidade no diagnóstico
O que aconteceu com Maria de Fátima, de não reconhecer os sinais, e de ser atendida por profissionais que também desconheciam o protocolo de atendimento para pacientes vítimas de AVC, certamente ocorre todos os dias, em diversos locais do país, como suspeita a médica neurologista com área de atuação em AVC e Doppler Transcraniano, e membro da Sociedade Brasileira de AVC, Larissy Lima. Ela é sergipana, formada em medicina pela Universidade Federal, com residência na USP de Ribeirão Preto.
“Existe a intenção e a necessidade de ampliar a capacitação dos profissionais que estão na ponta, na triagem das unidades de saúde, das UPAs, para que reconheçam os sinais do AVC, saibam que o paciente deve ter prioridade no atendimento, e que deverá ser regulado imediatamente para uma unidade que tenha condição de tratar a doença”, reconheceu a neurologista.
Ela explica que o AVC é uma doença prevenível, pois 90% dos casos são evitáveis e requerem, apenas, hábitos saudáveis de vida, e o mais importante: AVC tem cura, mas para isso o paciente deve ser encaminhado a uma unidade hospitalar que tenha tomografia, até as primeiras quatro horas e meia após o surgimento dos sinais, o que infelizmente não aconteceu com Maria de Fátima, que já foi à unidade hospitalar fora dessa janela temporal.
Na neurologia, tempo não é dinheiro, mas é cérebro!
Dra. Larissy Lima comenta que um jargão muito comum entre os que atuam na neurologia, mais especificamente nas questões cerebrovasculares, é de que “tempo é cérebro”. Isso porque, segundo ela, se o paciente receber o atendimento adequado dentro do tempo necessário, é possível reverter a doença o máximo possível. Por isso, reforça a médica, é tão importante que a sociedade como um todo conheça os principais sintomas.
Estudos mostram que cada hora sem tratamento para a doença pode causar a morte de aproximadamente 120 milhões de células nervosas do cérebro, podendo comprometer áreas fundamentais para o ser humano, como as que respondem pela fala, pelo movimento, memória e raciocínio. Porém, segundos sem que a região receba os nutrientes necessários, já são suficientes para deixar sequelas.
“Para ser mais fácil de lembrar os principais sintomas, a gente sempre usa o acrônimo com as letras que formam a palavra SAMU, que são sorria, abrace e cante uma música. E se a pessoa não conseguir ou tiver dificuldade para realizar alguma dessas três ações, é aí que entra o U, de urgência, de levar a pessoa o mais rápido possível para um hospital com serviço de tomografia, pois esse é o exame que nos mostrará se o AVC foi isquêmico ou hemorrágico, e qual o tratamento deverá ser utilizado”, ensinou Dra. Larissy Lima.
Em Sergipe, os hospitais chamados “porta aberta” para a população, e que estão equipados para atender casos de AVC são o Hospital João Alves Filho (Huse), em Aracaju; o Hospital Universitário, Lagarto; e os hospitais regionais dos municípios de Itabaiana e Estância.
Mas o que é o AVC?
Dra. Larissy Lima explicou que o Acidente Vascular Cerebral, também vulgarmente conhecido como derrame cerebral, acontece quando há uma interrupção do fornecimento de sangue para o cérebro, e este para de receber glicose e oxigênio, os combustíveis essenciais para o funcionamento desse complexo e importante órgão. É necessário salientar que o AVC ocorre abruptamente, e teoricamente não precisa de algum fator que atue como “gatilho” disparador do problema.
O derrame cerebral pode ser isquêmico ou hemorrágico. O primeiro acontece quando há o entupimento de um vaso sanguíneo do encéfalo ou da região do pescoço, causando trombos. Quanto maior e mais próximo ao coração for o vaso, maior será o AVC. Já o hemorrágico é quando há ruptura do vaso e o sangue escapa para fora dele, formando um hematoma que comprimirá as regiões circunvizinhas ao vazamento.
Os sintomas dos dois tipos são semelhantes, por isso a necessidade de um exame rápido de imagem, geralmente tomografia, para saber a espécie do AVC e iniciar o tratamento correto. E por falar em sintomatologia, além dos já citados nesta matéria e que formam o acrônimo da palavra SAMU, também é possível que o paciente apresente, embora sejam mais raros, dor de cabeça muito forte e repentina, tontura, problemas na visão, e desequilíbrio.
“O AVC geralmente não dói, e por isso as pessoas não buscam de imediato o serviço de saúde, diferente do infarto, pois a maioria da população sabe que se sentir uma dor no peito, principalmente do lado esquerdo, trata-se de uma urgência médica. No AVC, por exemplo, é um braço mais pesado, parecendo cansado, e aí as pessoas tomam um chá, dão um cochilo para “melhorar”, e é esse atraso no diagnóstico que complica”, alertou Dra. Larissy Lima.
A recuperação de pacientes vítimas de AVC requer um acompanhamento multidisciplinar e que envolve, na maioria dos casos, profissionais da enfermagem, da fisioterapia, nutrição, fonoaudiologia, terapia ocupacional e psicologia, entre outros. E além deles, as vítimas de derrame cerebral necessitam também de muito apoio e suporte da família e amigos, pois é uma jornada muitas vezes longa, lenta, e cheia de altos e baixos.
Os fatores de risco são diversos, mas todos controláveis
A médica neurologista esclareceu, ainda, que os principais fatores de risco para o surgimento de um AVC são os mesmos que provocam o infarto do miocárdio, ou infarto do coração, como é mais conhecido. São eles:
- Hipertensão arterial, principalmente quando está mal controlada;
- Diabetes fora de controle;
- Colesterol alto, em especial o LDL ou colesterol ruim;
- Tabagismo, em qualquer nível de consumo, incluindo os cigarros eletrônicos, pois a nicotina pode aumentar a pressão arterial e a frequência cardíaca, bem como contribuir para a formação de placas nas artérias, favorecendo o surgimento do AVC. Além disso, os cigarros eletrônicos possuem compostos químicos chamados formaldeído e acroleína, sujeitos a causar inflamação e danos ao endotélio, camada interna dos vasos sanguíneos, potencializando o risco de trombose e, consequentemente, de um AVC isquêmico;
- Consumo excessivo de bebida alcoólica;
- Sedentarismo;
- Excesso de gordura abdominal;
- Sono de má qualidade;
- Alimentação não balanceada;
- Apneia do sono (ronco);
- Determinados tipos de arritmias e problemas cardíacos.
A neurologista enfatizou que há cerca de dez anos o AVC acometia mais pessoas com idade acima dos 50 anos, mas a mudança constante e acelerada da dinâmica social fez com que, atualmente, não haja mais uma faixa etária onde a doença seja mais prevalente. “Não existe mais idade para o AVC. Atendi recentemente uma paciente vítima de AVC que tem 27 anos”, contou.
“Era saudável, e do nada tive um AVC”
14 de novembro de 2023 é uma data que jamais será esquecida pela Dra. Ludmila Smith de Jesus Oliveira, 42 anos, casada e mãe de uma menina. Dentista clínica com doutorado e mestrado em Clínica Odontológica, Ludmila praticava corrida; havia se submetido, em julho daquele ano, a uma extensa bateria de exames, incluindo os cardiológicos; tinha boa alimentação; e o colesterol estava controlado, inclusive com uso de medicamento.
Mas durante o atendimento a um paciente no consultório, ao se levantar da cadeira sentiu uma dor de cabeça muito forte, tontura e percebeu a vista embaçar. “Achei que era mais um mal-estar normal, pois há uns dois meses havia tido algo diferente na vista, e pensei se tratar da mesma coisa. Iria continuar atendendo, mas na hora que fui preparar a anestesia do paciente percebi que estava sem coordenação motora, me assustei e olhei para a minha atendente, e ela percebeu haver algo errado. Pedi um copo com água, fui beber e ela começou a enxugar minha boca, estava babando e não havia percebido”, relembrou dra. Ludmila Smith.
A agilidade da atendente que trabalhava com ela fez toda a diferença, pois imediatamente ligou para o esposo da dentista, que foi socorrê-la. Ludmila saiu do consultório em uma cadeira de rodas, e no hospital, já não conseguia retirar os sapatos sozinha.
“Não sabia o que estava acontecendo. De repente ouvi o enfermeiro dizer: protocolo AVC, ela ainda está na janela. Foi nessa hora que minha ficha caiu e eu comecei a chorar. Só pensava em minha filha, que iria morrer e deixa-la sozinha, com apenas seis anos de idade”, expôs emocionada.
Ela foi submetida, de imediato, a uma tomografia, que confirmou o AVC transitório, como classificou o médico, pois os movimentos estavam retornando. Porém, para saber a causa do problema, Ludmila teve que permanecer na UTI por cinco dias. Ao longo desse tempo descobriu que as dores de cabeça frequentes, e que ela considerava serem normais, eram causadas por microfocos no cérebro. Só que mesmo com diversos exames, ela recebeu alta sem um diagnóstico conclusivo.
Depois da UTI, cirurgia para corrigir o problema
O mais provável era que o AVC tivesse sido provocado por um forame oval patente (FOP), um orifício no coração que deveria ter se fechado após o nascimento, mas que em Ludmila não ocorreu. “A falta de um diagnóstico fechado me angustiava, ainda mais a possibilidade de ser algo no coração, já que fazia exames regulares, justamente por meu pai ser cardiopata, e nunca foi diagnosticado qualquer problema. Após ir a vários médicos, chegou-se à conclusão de que o AVC era proveniente realmente do FOP, e em abril deste ano fiz a cirurgia para fechá-lo, e evitar novos episódios”, informou a dentista.
Ela confidenciou, ainda, que se a atendente não tivesse ligado para o marido, não teria ido ao hospital, pois o mal-estar iria passar, e ela seguiria a vida, como fez em situações anteriores e semelhantes à que culminou no AVC. Ludmila Smith tornou-se paciente de dra. Larissy Lima, que inclui no tratamento medicamentos para parar as dores de cabeça, aquelas que a dentista já considerava tão normais.
Com o medicamento, as cefaleias “de rotina” praticamente desapareceram, e hoje quando ela as sente, já liga o sinal de alerta. Um ano depois do incidente, dra. Ludmila Smith afirma já ter voltado à vida normal, porém diferente de antes, pois agora se observa mais e não deixa as “coisas para lá”.
“Eu não me preocupava muito, tinha dores de cabeça, minha vista piscava, mas deixava de lado, não parava para investigar. Agora não! Também tinha uma vida muito corrida, atribulada. Depois do AVC passei a respeitar mais meus limites. Ainda tenho uma vida agitada, porém muito menos que antes de 14 de novembro de 2023. Na UTI eu me questionei: para que correr tanto e estar em uma cama de UTI, sem ver minha filha, podendo ter sequelas? Entendi que toda aquela correria não valeria de nada se não pudesse estar com ela, com minha família, e aproveitar a vida com eles”, finalizou a dra. Ludmila Smith, com os olhos emocionados.
Texto, fotos e vídeo: por Andréa Moura.