Acidente em Cânion de MG dispara alerta para Sergipe
10/01/2022
Por Andréa Moura
A tragédia na cidade mineira de Capitólio, ocorrida no dia 8 de janeiro e que resultou na morte de dez pessoas após o desabamento de parte de um paredão do Cânion do Lago de Furnas, acendeu o alerta da Defesa Civil do município sergipano de Canindé do São Francisco, distante cerca de 195 quilômetros da capital sergipana.
Em Canindé está um dos mais visitados cânions navegáveis do Nordeste, os Cânions de Xingó, no Rio São Francisco, que chega a receber cerca de 100 mil turistas por ano, de acordo com informações passadas pela Defesa Civil do local, embora este não seja um dado oficial.
São quase 60 Km de cânions – com paredões que chegam a medir aproximadamente 40 metros de altura - nas divisas dos estados de Sergipe (Canindé), Alagoas (Olho D’Água do Casado e Delmiro Gouveia) e Bahia (Paulo Afonso) e, deste total, algo em torno de 40 Km estão do lado sergipano, embora quase não haja ponto de parada para as embarcações. O coordenador da Defesa Civil de Canindé, Adilson Lima Damasceno, ressalta que não há indícios de situação de risco do lado sergipano.
Porém, recentemente, começou a circular a foto de uma possível fenda no paredão localizado no município alagoano de Olho D’água do Casado, no ponto onde há parada para visitação e um atracadouro para embarcações, com características semelhantes às da fenda que causou a tragédia em Capitólio. “Assim que recebemos a imagem entramos em contato com o município vizinho, mas tivemos a informação, naquele momento, de que ainda não havia coordenador da Defesa Civil nomeado”, frisou Adilson Damasceno.
Ele informou que, diante do fato lamentável ocorrido em Minas Gerais, entrou em contato com a coordenação da Defesa Civil Estadual para alinhar ações locais, e foi informado de que o estado de Sergipe já teria iniciado uma mobilização junto aos órgãos estaduais, ao Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e ao estado de Alagoas, para a realização de uma grande vistoria nos Cânions de Xingó. “Por enquanto, não há motivos para alvoroço. O trabalho que será realizado tem caráter preventivo, inclusive, à Fake News”, declarou Adilson Damasceno. Nesta segunda-feira (10), o secretário de Estado do Turismo, Sales Neto, participa de reunião com o ministro do Turismo e outros secretários estaduais do setor, para discutir o tema.
O passeio em Xingó
Do passeio que parte de Canindé, o ponto de parada mais tradicional é o Riacho do Talhado, em Delmiro Gouveia/AL, que por sinal, é bem próximo ao atracadouro de Olho D’Água. Do lado sergipano, o local que recebia grande movimentação de visitantes pelo São Francisco era o Vale dos Mestres, contendo, inclusive, paredões com altura menor que os 40 metros dominantes na região.
Porém, há meses as atividades aquáticas e terrestres no Vale estão interditadas por determinação do Ministério Público Federal (MPF), uma vez que a região é área de preservação arqueológica tombada pelo Iphan. Estão sendo realizados estudos para saber se o local pode ou não receber visitantes, tanto pela terra, quanto pelo rio.
A força tarefa
De acordo com o coordenador Adilson Damasceno, para a execução dessa “varredura” em todo o Cânion de Xingó será montada uma equipe multidisciplinar, composta por todos os profissionais que os estudos requerem, principalmente geólogos. Esses cuidados são necessários, segundo o coordenador da Defesa Civil municipal, porque a região de Canindé de São Francisco registrou pequenos abalos sísmicos, nada muito intenso, afirma Adilson. Foi feito um registro em 2019 e o último, em 28 de setembro de 2021, chegando a 1.3 na Escala Hichter. Embora de baixa magnitude, pode, de alguma maneira, interferir no solo local.
Associado a isso, no dia 27 de novembro de 2021 o município registrou 132,8 milímetros de chuvas em 24 horas, muito mais que a média histórica normal para o mês, que é de 17 milímetros. “Choveu em Canindé, em um dia, mais que o esperado para quatro meses do ano. Por essas questões, associado ao triste acontecimento do último final de semana é que iremos, em caráter de urgência, unir esforços para garantir que um dos principais roteiros turísticos de Sergipe esteja seguro para os sergipanos e turistas”, finaliza Adilson Damasceno.
Foto principal: ASN