Avanço da Covid: AMB defende isolamento social e até lockdown

25/03/2021


De acordo com o mais recente boletim do Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19 da Associação Médica Brasileira (AMB), divulgado na última terça-feira, 24 de março, a variante P1 do novo coronavírus, que já circula em grande parte do Brasil, possui capacidade de transmissão consideravelmente maior do que o vírus original, o que tem imposto risco adicional a todos os brasileiros e de todas as faixas etárias. 

Por isso, a AMB reforça a necessidade de isolamento social e de normativas de lockdown por regiões críticas para conter o crescimento da curva de casos e de mortes. “O isolamento social, com a menor circulação possível de pessoas, segue sendo imperioso para conter a propagação viral, hoje agravada pela variante brasileira P1 do coronavírus”, enfatiza o documento.

Por causa da quantidade crescente de casos e da falta de leitos de UTI em diversos locais do País, a AMB também classifica como urgente a adoção de critérios técnicos-científicos de triagem dos pacientes que devem ocupar os leitos disponíveis, baseado em fundamentos éticos em defesa das vidas dos brasileiros, com diretrizes para todos os médicos do País. Também alerta que a escassez de recursos humanos, de insumos farmacológicos e de material de apoio transcende a simplicidade da utilização dos centros cirúrgicos como terapia intensiva, e que a transformação da sala de cirurgia em UTI deve ser pontual, portanto, uma exceção e não a regra.

No período de 15 a 21 de março deste ano o Brasil foi o responsável por 25% das mortes mundiais por Covid-19. Dados da Organização Mundial da Saúde mostram a existência, no período citado, de 60,2 mil óbitos e destes, 15,6 em nosso País. Por causa desse quadro grave da pandemia o Comitê da AMB divulgou orientações para os pacientes e profissionais médicos brasileiros.

O documento versa sobre a importância da prevenção, esclarecimento sobre condutas para os médicos e, também, conclamou as autoridades responsáveis para que resolvam, de maneira efetiva e urgente, os casos que dependem exclusivamente delas, como por exemplo, vacinar com celeridade a população, pois, a imunização em massa é a medida ideal para controlar a velocidade de propagação do vírus.

Evidencia, ainda, a necessidade urgente de esforços políticos e diplomáticos, e a utilização de normativas/leis de excepcionalidade visando solucionar a falta de medicamentos para o atendimento emergencial de pacientes hospitalares acometidos pela Covid-19, em especial, de bloqueadores neuromusculares, opioides e hipnóticos, que são indispensáveis ao processo de intubação de doentes em fase crítica.

“Por compromisso ético e zelando pela transparência informamos que, na ausência destes fármacos, não é possível oferecer atendimento adequado para salvar vidas. Uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é composta por espaço físico, equipamentos, medicamentos, materiais e recursos humanos. A falta de qualquer desses elementos inviabiliza a execução dos procedimentos”, alertam as entidades signatárias do documento.

MAIS ORIENTAÇÕES

A AMB também reafirma para os médicos que medicamentos como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção à Covid-19, quer seja na prevenção, na fase inicial ou nas fases avançadas da doença, por isso, a utilização deles deve ser banida. Alertou, ainda, que o uso de corticoides e anticoagulantes devem ser reservados exclusivamente para pacientes hospitalizados e que precisem de oxigênio suplementar, não devendo ser prescritos nos casos de Covid leve, conforme diversas diretrizes científicas nacionais e internacionais.

Para os pacientes com suspeita ou Covid-19 confirmada, a AMB alerta para que não façam uso da automedicação, em especial, de corticoides como dexametasona, predinisona e outros, pois, estes fármacos utilizados fora do período correto, especialmente no início dos sintomas, podem piorar a evolução da doença.

“Procurem atendimento médico em uma Unidade Básica de Saúde, dando preferência, se possível, à telemedicina, se apresentar sintomas leves, como dor de garganta, tosse, dor no corpo, náuseas, perda de apetite, perda do olfato ou paladar. Porém, se apresentar manifestações clínicas que podem representar Covid grave, destacando falta de ar, respiração rápida (mais que 30 movimentos respiratórios por minuto), saturação de oxigênio menor que 94% ou febre persistente por três dias ou mais, procure uma Unidade de Pronto Atendimento ou Serviço de Emergência”, orienta a Associação.

A Associação Médica Brasileira enfatiza que todos, sem exceção, têm que seguir à risca as medidas preventivas: uso correto de máscara, distanciamento social, evitar aglomerações, manter o ambiente bem ventilado e higienizando, ficar em isolamento respiratório assim que houver suspeita de Covid-19, identificar os contactantes, higienizar frequentemente as mãos com água e sabão ou álcool gel a 70%.

Por fim, a AMB deseja votos especiais ao novo Ministro da Saúde. “Os brasileiros almejam que vossa gestão ecoe e se guie exclusivamente pela voz da ciência, que seja um exemplo de independência na implantação de políticas/medidas consistentes e necessárias à resolubilidade e qualidade do sistema, de conduta ética, de compromisso com a melhor medicina e, acima de tudo, com a saúde de todos os cidadãos”, finalizou o boletim.



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