Caso PF: Bolsonaro acredita em arquivamento de inquérito

26/05/2020


O Procurador-Geral da República, Augusto Aras, informou à imprensa que até o final desta semana deve emitir parecer sobre o vídeo da reunião ministerial ocorrida no dia 22 de abril do corrente ano, citada pelo ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, como sendo uma das provas de que o presidente da República, Jair Bolsonaro, estaria interferindo politicamente na Polícia Federal, ingerência que teria sido a gota d’água que fez com que o copo do então ministro transbordasse, e o fizesse optar por deixar o staff governamental, não, sem antes, causar grandes dessabores ao ex-chefe.

O vídeo da reunião ainda está dando muito o que falar, em vários aspectos, seja por parte de quem desaprova a gestão bolsonarista ou por quem defende o presidente. O fato é que a delação de Sérgio Moro fez abrir um leque de histórias secundárias, porém, importantes no que diz respeito à condução de assuntos fundamentais para o País, todas ligadas ao núcleo principal da “novela”, porém, protagonizadas por atores que, até aquele momento, eram meros coadjuvantes na trama Moro x Bolsonaro.

Reunião ministerial do dia 22 de abril de 2020. Foto: Marcos Corrêa/Planalto

Dentre os coadjuvantes que ganharam histórias próprias no folhetim da vida real estão os ministros da Educação, Abraham Weintraub; do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves.

Nesta segunda-feira, 25 de maio, mais um capítulo foi escrito pelo ator principal desse enredo. Após acompanhar, por videoconferência, a posse do Subprocurador-Geral, Carlos Alberto Vilhena, no cargo de Procurador Federal dos Direitos do Cidadão para o biênio 2020/2022, Jair Bolsonaro forçou uma visita à PGR para, mesmo contra as normas sanitárias vigentes, apertar a mão dos já citados.

Horas após, o Planalto publicou uma nota, assinada pelo presidente, na qual ele diz acreditar que haverá, por questão de Justiça, o arquivamento natural do Inquérito que motivou a divulgação do comentadíssimo vídeo da reunião ministerial, aquele mesmo que deixou muita gente boquiaberta não só pelo teor dos assuntos abordados, mas, também, pelo linguajar utilizado por alguns dos ocupantes dos cargos mais importantes da política nacional, palavreado que chegou a deixar a saudosa Dercy Gonçalves “no chinelo”. Em quase duas horas de gravação foram proferidos 37 palavrões, 29 deles somente por Jair Bolsonaro. (Foto principal: Marcos Corrêa/Planalto)

Abaixo, a íntegra da nota publicada:

Diante da recente divulgação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril do corrente ano, pontuo o seguinte:

  1. Mantenho-me fiel à proteção e à defesa irrestritas do povo brasileiro, especialmente os mais humildes e aos que mais precisam. Sinto-me bem ao seu lado e jamais abrirei mão disso. 
  1. Nunca interferi nos trabalhos da Polícia Federal. São levianas todas as afirmações em sentido contrário. Os depoimentos de inúmeros delegados federais ouvidos confirmam que nunca solicitei informações a qualquer um deles. 
  1. Espero responsabilidade e serenidade no trato do assunto. 
  1. Por questão de Justiça, acredito no arquivamento natural do Inquérito que motivou a divulgação do vídeo. 
  1. Reafirmo meu compromisso e respeito com a Democracia e membros dos Poderes Legislativo e Judiciário.
  1. É momento de todos se unirem. Para tanto, devemos atuar para termos uma verdadeira independência e harmonia entre as instituições da República, com respeito mútuo.
  1. Por fim, ao povo brasileiro, reitero minha lealdade e compromisso com os valores e ideais democráticos que me conduziram à Presidência da República. Sempre estarei ao seu lado e jamais desistirei de lutar pela liberdade e pela democracia.

Brasília, 25 de maio de 2020.

Jair Messias Bolsonaro

Presidente da República



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