E se você morresse amanhã, poderia dizer que foi feliz?
09/11/2018
Independente da crença que eu e você tenhamos sobre qualquer coisa nesta vida, inclusive, ou principalmente, no que se refere a questões religiosas, a única certeza que qualquer um de nós tem, até então, é de que vai morrer um dia. Ninguém sabe se vai casar, ter filhos, viver na mesma cidade para sempre, qual profissão vai exercer até se aposentar – e se vai chegar lá -, se já foi ou se será traído pelo grande amor da vida, se vai conhecer todos os países do globo terrestre, se existe vida fora do planeta terra, enfim... a única indagação para a qual existe resposta certa é a de que vamos morrer algum dia. Ah, e também não sabemos quando e por qual causa, hahaha #rindodenervosomesmo
Digamos que nos fosse permitido ter um ensaio sobre os primeiros momentos pós-morte e descobríssemos, ironicamente, que nos seria feita uma pergunta assim que chegássemos à eternidade, e a pergunta fosse: VOCÊ FOI UMA PESSOA FELIZ? O que você, sinceramente, responderia? Será que sabemos o que é ser uma pessoa feliz? O que estamos fazendo em prol de nós mesmos, da nossa felicidade, em um mundo que cotidianamente se torna mais louco, mais corrido, mais estressante; com pessoas mais individualistas, menos afetuosas, com a ideia de que os relacionamentos amorosos podem e parecem que devem ser cada vez mais descartáveis; com indivíduos sendo cada vez mais próximos através das telas dos computadores e celulares, e não pelos toques das mãos e dos abraços?
Dá para ser feliz sozinho? João Gilberto já afirmava, em 1977, portanto, há 41 anos, que é impossível, mas ninguém o ouviu, e a coisa só piorou. Se a gente parar para analisar algumas atitudes que vêm sendo massificadas como conceito de felicidade nesta época de rede social, diríamos que felicidade é poder ostentar a versão mais recente do Iphone – e não estou criticando a marca não, até porque o aparelho é O APARELHO -; é postar a foto do carrão que às vezes nem sai muito da garagem porque o dono tem medo de que assaltantes o levem na primeira esquina; é fazer a mesma viagem que a atriz da Globo fez, ficar hospedada(o) no mesmo hotel de luxo que ela ficou e postar foto no mesmo cantinho da piscina olhando para o nada naquela imensidão de azul. Mas, cada um com seus problemas, não é mesmo? Acho que queria um problema desses antes de partir...
E não digo isso com tom de sarcasmo ou hipocrisia não, só que, nem sempre, essa tal felicidade é realmente feliz. Tudo bem, como falamos esses dias em uma discussão sobre o tema no trabalho: mais vale chorar por causa de um pé na bunda às margens do Rio Sena ou aos “pés” da Torre Eiffel, do que voltando para casa, às 18h15 em coletivo apertado correndo o risco de ser assaltado. Lóóóógico que Paris seria o ideal, porque no buzu nem daria para chorar direito né? Hehehe
Mas, o fato é que, como disse o Papa Francisco, no discurso do dia 15 de agosto de 2014 e que está escrito no livro ‘A felicidade nesta vida – uma meditação apaixonada sobre a existência terrena’: “A felicidade não se compra. E quando você compra a felicidade percebe, depois de um tempo, que a felicidade desapareceu... a felicidade que pode ser comprada não dura. Apenas a felicidade do amor é a que permanece! E o caminho do amor é simples: ame a Deus e ame o próximo, seu irmão; aquele que está ao seu lado, aquele que necessita de amor e precisa de muitas coisas...”
Deixei até a parte do amar ao próximo para que o conjunto da fala dele não fosse entendido pela metade, e também porque é bíblico esse ensinamento, Jesus já disse isso, nos ensinou isso, porém, para mim, tudo tem que começar em nós antes de chegar ao outro. Se não nos amamos não conseguiremos amar o outro; se não nos respeitamos não iremos respeitar o outro; se não estamos bem emocionalmente não conseguiremos auxiliar quem necessita de consolo, e por aí vai. Só que o pensamento dele (Papa Francisco) serve muito para esse tempo de ostentação: adianta ir para o fim do mundo, postar nas redes, se cobrir com o manto da felicidade e realmente, lá no fundo, não estar sentindo isso? Creio que não, porque na volta para o ninho o que estará esperando pela pessoa, no sofá da sala, é aquele demoniozinho da solidão com os braços abertos dizendo: seja bem-vindo meu amor, senti taaannnttas saudades suas, senta aqui, vamos conversar!
Ainda sobre o mesmo tema, uso outro discurso do Papa Chiquinho, desta vez o do dia 21 de janeiro de 2014, durante a Jornada Mundial da Juventude, com o título ‘Não se contente com uma vida “pequena”, e que teve como base a carta a I. Bonini, de 27 de fevereiro de 1925, que dizia: “Vocês desejam realmente a felicidade? Em uma época em que somos atraídos por tantas imagens falsas do que é a felicidade, corremos o risco de nos contentarmos com pouco, com uma ideia “pequena” da vida. Aspirem a coisas grandes! Abram o coração! Como dizia o beato Pier Giorgio Frassati: “viver sem uma fé, sem um patrimônio para defender, sem sustentar uma luta contínua pela verdade, não é viver, mas fingir que se vive”. E olhe que naquela época (1925) nem se cogitava a existência de rede social, viu, avalie se tivesse, acho que teve cópia dessa carta colocada dentro de uma garrafa e jogada ao mar para o futuro, só pode!
Agora, voltando para a pergunta inicial, aquela lá do título, confesso que EU ainda estou processando a resposta. Sei que felicidade é construção diária, que é feita por momentos, que se baseia em diversos fatos, que depende muito do meu olhar sobre as coisas e do que priorizo como bom, belo, útil e saudável. Tenho entendido que, muitas vezes, dei mais valor a algo que me chateou do que a algo que me fez sorrir, pois o primeiro ficou martelando a minha cabeça por horas, dias até, enquanto o segundo me deu até trabalho para lembrar quando aconteceu. Estou tentando ferrenhamente inverter essa balança para o bem da minha saúde física, mental e espiritual.
Bem, só pelo fato de estar tendo essa consciência e de querer mudar o rumo da minha postura diante da vida, das minhas percepções e daquilo que valorizo, acredito que no dia da resposta à vera eu deva tirar uma notinha melhor no teste, mas digo sem qualquer tipo de vergonha que estou orando fervorosamente para que esse dia demore muuuiitttooo. E preciso que demore mesmo para que possa ter tempo de melhorar minha conduta, pois, cá entre nós, ainda estou na fase de olhar para certas pessoas, após determinados fatos/episódios, e mandá-las de forma enfática – mentalmente, óbvio - para o fundo do funil - porque mesmo em pensamento mandar alguém ir se lascar é libertador, é terapêutico, e nos livra de um pico de pressão arterial hahahaha, ou seja, é vida! Mas que se registre, que é tudo com muito amor e carinho, sempre! ;)
“Seja bom para si mesmo. Não se julgue com dureza. Se não formos bondosos com nós mesmos, não podemos amar o mundo” Buda.
Comentários
O que eu mais queria na vida seria uma companheira. Mas no meu caso, é só unilateral, não tem amor recíproco. Basta eu começar a demonstrar que GOSTO DE VERDADE da pessoa, que ela foge. Não sei direito o que fazer. Se eu morressecamanha, morreria triste.