Inflação segue maior para as famílias de menor poder aquisitivo, diz Ipea
15/07/2020
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou esta semana o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda do mês de junho. Apesar da aceleração inflacionária ter pressionado todos os segmentos de renda, a alta foi maior para famílias mais pobres (+0,32%) do que para as famílias mais ricas (+0,21%). Os alimentos pesaram no bolso de todos: responderam por 24% da inflação dos mais ricos e por 34% daqueles com menor poder aquisitivo, com destaque para o reajuste de 3,5% nos cereais, 1,2% nas carnes e 1,7% nos leites e derivados.
O reajuste de 3,4% no preço dos combustíveis impactou a inflação dos transportes para todas as classes de renda. No caso das famílias com maior poder aquisitivo, porém, o impacto foi parcialmente anulado pelas quedas de 26% nos preços das passagens aéreas e de 14% no transporte por aplicativo.
Outro item que foi mais expressivo para as famílias mais pobres foram os artigos de residência, que tiveram reajuste de 1,3% em junho. Os subgrupos com maiores aumentos foram aparelhos eletroeletrônicos (+3,3%), consertos e manutenção (+1,2%), repercutindo o aumento da demanda de bens e serviços impulsionados pela pandemia de Covid-19. Já o reajuste de 2,1% no preço dos consertos de bicicleta indica que pode ter havido maior uso desse meio de transporte, tanto para evitar aglomerações quanto como instrumento de trabalho para entregadores.
O acumulado em doze meses (julho de 2019 a junho de 2020) mostra uma aceleração nas curvas de inflação para todos os segmentos de renda, mas o percentual foi maior para as famílias com renda mais baixa (+2,8%) do que para as famílias mais ricas (+1,6%). Da mesma forma, a análise do acumulado do ano (de janeiro a junho de 2020) mostra que a inflação segue mais amena para as famílias com maior poder aquisitivo (-0,24%) em comparação com as famílias de renda mais baixa (0,8%).
Fonte: Comunicação do IPEA (texto e foto)