Itália: COVID-19 ganhou força após campanha #milanononsiferma

28/03/2020


#milanononsiferma ou, em um bom português, #milaonaofecha. Essa foi a hashtag que acompanhava um vídeo com imagens lindas da cidade de Milão e no qual apareciam frases motivacionais sobre a cidade e o povo italiano, dando a entender que não iriam se amedrontar diante de um mal invisível e desconhecido: o coronavírus.

A campanha, lançada em 26 de fevereiro de 2020 por empresários locais – coincidentemente no mesmo dia em que surgiu o primeiro caso da COVID-19 no Brasil – recebeu o apoio irrestrito do prefeito da província, Giuseppe Sala. À época, a Lombardia, região ao Norte da Itália e da qual Milão faz parte, sendo, na verdade, conhecida como a capital do local, tinha 258 casos e a Itália, inteira, apenas 12 mortes.

Um mês após o #milanononsiferma, a Lombardia possui 11.137 pessoas hospitalizadas por apresentarem os sintomas da doença; 1.292 moradores da região estão na UTI; 11.466 em isolamento domiciliar; 23.895 pessoas positivas para a doença e 5.402 falecidos. A ignorância ao isolamento domiciliar ajudou o país a atingir, até às 17h do dia 27 de março, de acordo com o relatório apresentado pelo Instituto Superior de Saúde (ISS), a triste marca de 9.134 óbitos, ou seja, 9.122 falecimentos em apenas um mês.

Foto do Instagram do Ministero della Salute

Ainda de acordo com este recente boletim epidemiológico, o país tem 86.498 casos no total, 66.414 pessoas com a doença e 10.950 curadas. Até o momento foram aplicados 394.079 testes na população italiana.

Giuseppe Sala. Foto AFP

O que não consta no boletim é o arrependimento do prefeito Giuseppe Sala em ter dado apoio à campanha que desdenhou do isolamento social e fez com que os italianos seguissem a vida normalmente. Em entrevista à um programa alemão esta semana, Guiseppe Sala confessou o remorso e pediu desculpas aos italianos.

O Instituto Superior de Saúde da Itália definiu que, duas vezes por semana, irá apresentar para a imprensa a análise de tendência epidemiológica e as atualizações técnico-científicas relacionadas ao COVID-19. No primeiro encontro, ocorrido na última quinta-feira (26) e com transmissão via web, o presidente do ISS, Silvio Brusaferro, informou que, apesar da curva de novos casos ter parecido diminuir entre 19 e 20 de março, a doença no País ainda não está em fase de declínio, mas, apenas, diminuindo o crescimento. “O pico ainda não foi atingido e as medidas não devem ser relaxadas”, advertiu Brusaferro.

Foto do Instagram do Ministero della Salute

Já o presidente do Conselho Superior de Saúde (CSS), Franco Locatelli, chamou a atenção para a necessidade de manter a intensidade das restrições adotadas para não frustrar os esforços que foram realizados até o momento. Aproveitou para explicar que, entre as pessoas que morreram em consequência da COVID-19, em 88% dos casos havia alguma outra patologia associada, como doenças cardiovasculares, respiratórias, diabetes, deficiências imunológicas, doenças metabólicas, oncológicas, obesidade, patologias renais ou outras condições crônicas e, nestes casos, ela contribuiu significativamente para o desfecho letal.

Sendo assim, a doença originada pelo coronavírus foi a única responsável por 12% dos óbitos, o que, em números absolutos, significam 1.096 casos. (Com informações do Ministero della Salute/Itália)



Comentários

Nenhum Resultado Encontrado!

Deixe um Comentário

Nome
E-mail
Comentário