Paciente com transtorno mental lança livro em Aracaju

01/05/2019


Não há barreiras para a literatura! É o que comprova o agora escritor Ivan Pinto Sampaio.  Desde maio de 2018 Ivan é acompanhamento por equipe multiprofissional em saúde mental devido ao diagnóstico de esquizofrenia. O domínio das palavras foi perceptível rapidamente pelos profissionais do grupo, já que alguns dos sintomas graves apresentados por Ivan diminuíam significativamente com a prática da escrita, deixando-o tranquilo e com a autoestima elevada.

Ivan passou a se definir como “o poeta do amor” e escrever sobre os pensamentos que possui se tornou uma prática diária, estimulada pela equipe para o projeto terapêutico individual. Durante uma reunião clínica - momento em que a equipe multiprofissional discute a evolução e tratamento dos pacientes - foi feita a leitura de alguns textos e observado o potencial para a publicação do livro do paciente.

Para Kelly Coutinho, responsável legal e Assistente Social da clínica Dia onde o escritor é acompanhado, o lançamento do livro reitera a importância do 18 de maio, Dia Nacional da Luta Antimanicomial, que é comemorado durante todo este mês, e enfatiza a importância da humanização do tratamento de um paciente com transtorno mental. “Resgatar as habilidades e potencialidades, elevar a autoestima, ressignificar a vida tornando-o protagonista da própria história. Esses são os nossos objetivos”, explica.   

O incentivo à leitura e às atividades terapêuticas proporcionadas no tratamento possibilitaram a melhor organização do pensamento do escritor, aprimoramento da gramática e consequentemente da escrita e, a cada pensamento desenvolvido, Ivan o associava a um desenho. “Sem alterar a gramática, os textos foram digitados iguais aos escritos pelo Ivan com objetivo de manter o real sentido dos pensamentos dele. Houve, também, o apoio de Marta Sampaio Gonçalvesirmã e curadora do autor, que se responsabilizou pela apresentação do livro, onde consta um breve histórico da vida do paciente”, contou a Assistente Social da clínica.

Emocionada, a profissional destaca momentos importantes dos bastidores da criação do livro, e ressaltou o fato de o escritor ser bastante carinhoso e comunicativo com os outros pacientes e com a equipe multidisciplinar. “Ao saber do projeto ele ficou entusiasmado e diariamente me questionava sobre a publicação do livro. Ele participou ativamente do projeto e aguarda o dia do lançamento com uma alegria ímpar. A todo o momento convida alguém para o evento”, disse Kelly Coutinho.

O livro, com uma produção inicial de 300 exemplares, será lançado dia 25 de maio, às 19h, na Equilíbrio Clínica Dia, localizada na Rua José Pacheco, 491, no Bairro Jabutiana, em Aracaju. O evento é aberto ao público, terá entrada franca e toda a renda adquirida com a venda dos livros será destinada aos custos da editora.

DIA NACIONAL DE LUTA ANTIMANICOMIAL

A data deste dia nacional, 18 de maio, foi instaurada em 1987 na cidade de Bauru, em São Paulo, durante o Congresso de Trabalhadores de Serviços de Saúde Mental e deu visibilidade ao movimento antimanicomial, adotando o lema "Por uma sociedade sem manicômios", inaugurando uma nova trajetória da proposta de Reforma Psiquiátrica Brasileira.

Neste dia, em todo o país, diversos movimentos sociais, categorias profissionais, representações políticas e outros segmentos da sociedade civil, organizada ou não, celebrarão a data em espaços públicos, nos serviços de saúde mental e nas universidades. A data é marcada por mobilizações em torno do fechamento dos antigos manicômios e da formalização de novas legislações sobre o tema, da implantação da rede de saúde mental e da atenção psicossocial, e da instauração de novas práticas no movimento de Reforma Psiquiátrica Brasileira buscando a garantia da cidadania através de tratamento digno, para usuários e familiares, historicamente discriminados e excluídos socialmente.

O Movimento Antimanicomial faz lembrar que as pessoas com transtorno mental têm o direito fundamental à liberdade e a viver em sociedade, além do direito de receber cuidado e tratamento sem que, para isto, tenham que abrir mão da cidadania que possuem. (Com informações da Assessoria de Comunicação).



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