Produção de milho pode superar 2,4 milhões de espigas em perímetros irrigados de Sergipe
22/06/2020
Em 2020 é esperada a colheita de 2.440.000 espigas de milho verde nos perímetros irrigados do governo Estadual, gerenciados pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro). Iniciada em maio, a colheita dos lotes que recebem abastecimento de água pela Companhia irá até o final de junho. A expectativa de colheita se equipara a do ano anterior, quando foi contabilizada a produção de 2.480.000 espigas de milho, em meio ao prolongado período de estiagem que comprometeu a capacidade hídrica de barragens e a irrigação dos lotes. Neste ano, a grande produção de milho contrasta com a redução da procura pelo produto em razão do isolamento social para o enfrentamento à pandemia de Covid-19. Mas, isso não desanima os irrigantes.
O produtor rural Ozéias Bezerra, por exemplo, possui lote no Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco. Ele tem 0,5 hectare plantado em duas áreas, de onde poderão ser colhidas, na semana de São João, cerca de 10 mil espigas. “Tem muito milho plantado e, pelo que estou vendo, será difícil para vender. Mas, não tomo prejuízo, porque aqui o milho que plantamos fica também para os animais, serve de ração. Uma parte que seca vai para as galinhas e das palhas do milho a gente faz o ‘rolão’. Da palhagem mais verdosa faz silagem. Este ano ainda quero plantar umas quatro roças de milho, porque participo do projeto do Programa Aquisição de Alimentos”, disse o produtor rural. No Califórnia, em todos os lotes, é aguardada a colheita de 960.000 espigas.
A Cohidro administra os perímetros estaduais fornecendo aos produtores irrigação, assistência técnica rural e assessoria em agronegócio. O diretor-presidente da companhia, Paulo Sobral, destaca que os projetos das associações de produtores junto ao Programa Aquisição de Alimentos (PAA), aprovados em 2019, começaram a ser pagos e, no período de um ano, movimentarão cerca de meio milhão de reais nos perímetros.
“Vem em boa hora a notícia de que a Companhia Nacional de Abastecimento, que administra o PAA, está liberando os pagamentos para a compra da produção dos 59 irrigantes cadastrados. Essa venda pública ajuda o produtor rural que está tendo dificuldade de vender em meio à pandemia”, explicou o diretor. Ele disse, ainda, que por ser na modalidade ‘doação simultânea’, mais de 150 toneladas de alimentos serão doadas para entidades que atendem cerca de 6,6 mil pessoas em vulnerabilidade social, situação também agravada pelo isolamento social provocado pelo coronavírus.
A produção de milho gera outros benefícios ao agricultor por ser um alimento com múltiplos usos, reforça o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Rural da Cohidro, João Fonseca. “O milho verde é tradicional no período junino e quase a totalidade dos lotes dos perímetros irrigados aumenta as áreas, visando a comercialização da espiga. O excedente é comercializado para produção de silagem, principalmente para o rebanho leiteiro, e também vira milho em grão, que gera maior integração irrigado-sequeiro”, comentou.
O perímetro irrigado que menos sentiu a situação de emergência da pandemia foi o Piauí, no município de Lagarto. Lá, são esperadas 840 mil espigas colhidas no período junino. “Neste perímetro, muitos que não viram futuro no milho verde para o São João, por causa do isolamento social, estão migrando para produção do milho em grão, que está com preço bom, em média R$ 50 a saca”, acrescenta o diretor.
O produtor rural Genivaldo de Azevedo é irrigante no perímetro Piauí, em Lagarto, e afirma que o milho verde tem procura o ano todo. “Está sendo o ponto forte aqui. O coronavírus, infelizmente, está maltratando a gente. Nós até pensávamos que não iria vender por cauda dessa doença triste, mas, a procura até que está boa”, considerou o agricultor, que tem vendido a unidade da espiga entre R$0,40 e R$0,50. (fonte: ASN. Fotos: Ascom Cohidro)