Quando se sujar de lama vira tradição... e das boas!

01/07/2017


Já pensou em participar de uma festa onde um dos pontos altos é se embrenhar na mata para ir buscar o mastro que vai ser queimado em praça pública no mesmo dia, à noite? Não? Então você nunca conheceu a festa do mastro do município de Capela, distante 69,7 Km de Aracaju, capital do nosso pequeno e charmoso estado de Sergipe.

Em 2017 completam 78 anos da tradição em que a população local e turistas saem, no último dia da festa, da praça central da cidade e caminham três quilômetros para, na mata, pegar a árvore que meses antes fora escolhida para ser o mastro, a atração principal do São Pedro capelense.

Só que tem um porém, e este porém faz toda a diferença: o fato de todos, incluindo aqueles que não foram para esta jornada, ficarem obrigatoriamente sujos de lama. Portanto, se seu espírito não estiver aberto para essa ‘melecada’ toda é melhor nem chegar perto. Mas, se você pratica o ‘deboísmo’ e quer mais é se divertir, mesmo tendo que passar, depois de tudo, duas horas embaixo do chuveiro sem ter a garantia de sair 100% limpo, se programa, porque a folia tem hora marcada para começar: às 8h.

E este ano a busca do mastro vai ser ainda mais especial, porque, pela primeira vez, o cantor Bell Marques, eterno rei dos chicleteiros, vai estar puxando o arrastão de três quilômetros de volta para a cidade. Mas o que uma das figuras mais importantes do axé vai fazer numa festa junina? Vai estar cantando forró, oras, principalmente o pout-porri que virou o hino oficial da busca do mastro, como explicou o secretário da Comunicação de Capela, Josival Bezerra.

“Todos os anos é a voz dele que embala a população neste momento importante da festa de São Pedro, e este ano vamos ouvi-lo de novo, só que a vivo, por isto, nossa expectativa é de que 100 mil pessoas participem do cortejo”, comentou. E 100 mil pessoas num único momento do evento representa quase três vezes a população local, estimada em 33.715 pessoas, segundo dados do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

E por falar em densidade demográfica, ela foi excessivamente alta no município desde a última quinta-feira, dia 29 de junho, pois cerca de 150 mil pessoas circularam por dia no local, segundo as contas da prefeitura capelense, cerca de 90 mil a menos que o registrado em 2016.

E como um interior pequeno, com apenas quatro pousadas, conseguiu dar conta de tanta gente? Claro que muitos vão e voltam das cidades de origem, mas uma grande parte permanece em Capela e para tanto, alugam as casas dos moradores locais, fazendo girar a economia. Tem casas que chegam a ter 60 pessoas dentro. Aff, imagina a agonia na hora de usar o banheiro? #nãotenhomaturidadeemocionalparatanto

E O MASTRO?

Sim, mas vamos voltar a falar do mastro. É só cortar, erguer na praça e tocar fogo? Nãaooooo…. é bem mais que isso!!! Ainda no mês de maio existe uma festa na cidade chamada Sarandaia, que consiste em arrecadar brindes – é certo que a maior parte é bebida alcóolica – que serão colocados no topo do mastro, que este ano tem cerca de cinco metros.

Um dia antes da busca tem mais uma rodada de arrecadação de brindes, desta vez com a baiana, um homem vestido de baiana que sai pelas ruas, em cortejo com a população, coletando mais brindes. Pois então, tudo o que for arrecadado vai ficar pendurado láaa em cima, na ponta do mastro fincado na Praça São Pedro, localizada no centro da cidade.

 Às 19h do último dia, ou melhor, noite da festa, que este ano será neste domingo, 2 de julho, é posto fogo no mastro e assim que ele tombar as pessoas vão buscar os brindes, mas tem outro detalhe: vai ter uma danação de gente jogando espada e busca-pés contra aquele que quiser ser o grande vencedor.

Sim é arriscado, precisa coragem, muiitttaaaa coragem, mas quem se atreve sabe o grau de risco que corre, risco que também é uma tradição, cada doido com sua mania, não é mesmo? Durante todo o domingo os grupos folclóricos animam os visitantes e à noite, para encerrar a programação 2017, vai ter show na praça da banda ‘As patricinhas do forró’, da banda Big Love e do cantor Edu Guerra.



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