Comida de verdade é aliada no processo de emagrecimento

Não é difícil encontrar uma pessoa que, ao ouvir a palavra dieta, franza a testa, faça careta ou diga: isso não é coisa de Deus! Talvez essa falta de simpatia pelo processo de reeducação alimentar seja o resultado de alguns anos de prescrição de dietas muito restritivas e, cá para nós, segurar o rojão de uma dieta muito restritiva não é para qualquer um, não é mesmo? Em Aracaju existe um profissional da Nutrição que tem revolucionado esse cenário e tudo começa com o slogan que ele adotou: Dieta sem terrorismo!

Estamos falando de Jackson Moura, que tem utilizado muito as redes sociais que possui para mostrar que é possível sim perder peso comendo, e comendo bem, só que, comendo a coisa certa e não industrializados e junk food. Vira e mexe, ainda nas redes sociais, ele posta receitas de alimentação saudável (a que está preparando para ele mesmo), simples de fazer e economicamente acessível. “No decorrer do tempo meus pacientes acabam reclamando que estão comendo mais do que antes de iniciar o plano nutricional, porque a intenção é deixar as pessoas nutridas, felizes com o processo de emagrecimento, sem terrorismo alimentar e utilizando comida de verdade, aquela do nosso cotidiano, como o arroz, o feijão e o frango”.

Outra dica que ele sempre dá para os pacientes é: ignore a balança. Sim, a balança pode ser um sabotador do processo, porque a troca de gordura por massa magra nem sempre vai ser drasticamente registrada pela balança, mas, certamente, não passará despercebida pelo adipômetro.

Por isso, o Pra Você Saber conversou com o nutricionista Jakson Moura que, de maneira bom direta e franca, falou sobre alguns mitos e verdades dessa caminhada, nem sempre rápida e fácil, que é o emagrecimento pela via correta, ou seja, o da Nutrição, mas, certamente é a que dá o melhor e mais duradouro resultado. E ele sabe do que está falando, pois, dentre os vários cursos que possui estão: Controle técnico microbiológico de proteínas; Seleção de matéria prima para fabricação de Whey protein; Cálculo de macros e micronutrientes para aplicação em Nutrição esportiva; Carboidratos e novas propostas para prescrição Dietética e suplementação nutricional; Creatina - visão crítica dos benefícios x riscos; Genes e vias intracelulares do processo de síntese proteica: alvos para suplementação nutricional; Papel dos aminoácidos e bioativos na adaptação muscular do exercício; e Fitoquímicos e emagrecimento: estratégias e adaptações nutricionais. Confira um pouco da nossa conversa:

PRA VOCÊ SABER - A palavra dieta sempre causa um certo “choque” em quem a ouve pela primeira vez, porque está sempre associada à restrição do que se gosta, a perder peso de forma incômoda e restritiva, quase uma penitência. Na sua opinião, existe um motivo (histórico, talvez) para haver aversão à dieta?

JAKSON MOURA - Existe sim... Uma espécie de terrorismo que foi feito, muitas vezes por falta de conhecimento de pessoas leigas que não procuraram/procuram um profissional de Nutrição, e acabam fazendo restrições alimentares severas sem a mínima necessidade.

PVS - Seu lema é dieta sem terrorismo. Por favor, explique melhor como isso é aplicado na prática.

J.M. - Quando falo “DIETASEMTERRORISMO” digo que: para emagrecer você precisa comer, comer bem, comer de maneira fracionada, comer de tudo, e de tudo um pouco, equilibrando os macros e micronutrientes, aplicando refeições livres aos pacientes. Nada de restrições severas e é isso o que chamo de terrorismo alimentar, pois, não é saudável nem para o corpo, nem para a mente.

PVS - Quais os benefícios, físicos e mentais, de uma boa alimentação?

J.M. - Energia, disposição, queima de gordura, aumento de massa magra, aumento da imunidade, prevenção de doenças como diabetes, hipertensão, osteoporose e de inúmeras outras doenças que não cabem nesse texto (risos).

PVS -  Muitas pessoas que malham “pesado” reclamam que não conseguem perder peso, chegar ao corpo que desejam. Apenas atividade física é suficiente para tanto?

J.M. - Atividade física, por incrível que pareça, corresponde apenas a 20% do processo de emagrecimento, os outros 80% são dieta. Sem um protocolo nutricional não há como chegar há um resultado 100%.

PVS - É comum pessoas amigas, ou até colegas, no intuito de ajudar, compartilharem a dieta que lhes fora prescrita. Isso funciona?

J.M. - Não mesmo. A dieta é elaborada, calculada para cada indivíduo, exatamente para cada perfil metabólico através do gasto calórico de cada um, sem falar nas particularidades, como por exemplo, síntese proteica e absorção de macros e micros de cada um.

PVS - A alimentação deve ser o nosso remédio, de preferência, preventivo?

J.M. - Quem não se alimenta bem hoje, no futuro vai ter que se medicar, e se forçar a ter uma alimentação saudável.

PVS - Você concorda com os memes que dizem: “ao invés de cortar carboidratos da sua vida, corte gente chata!” (risos)

J.M. - Carboidrato é vida! Ela desempenha funções importantíssimas em nosso organismo, até mesmo no processo de emagrecimento. Cortar carboidrato é um crime para a própria vida.

PVS - Aquela “regrinha” popular de que: “tome café como um rei; almoce como um príncipe e jante como um mendigo” é correta?

J.M. - Depende de cada um. Como disse antes: não há nada mais particular que uma dieta, mas, isso só depois de uma consulta.

PVS - Há praticamente um ano estamos vivendo o momento mais difícil da humanidade em décadas: a pandemia pelo novo coronavírus. Como a alimentação pode ser nossa aliada, seja na prevenção ou no combate à Covid-19?

J.M. - Alimentação aumenta sua imunidade, evita que seu corpo esteja mais propício a contrair qualquer vírus e, mesmo contraindo, determina como seu corpo reagirá à gravidade de cada sintoma. Então mantenha-se nutrido.

PVS - No processo de emagrecimento que você prescreve para seus pacientes há algum tipo de medicamento, mesmo em casos de obesidade?

J.M. - Medicamento nenhum! Sou totalmente contra qualquer medicamento. Só trabalho com alimentação e, quando há necessidade, suplementação. Por experiência, vejo que todo remédio para emagrecer tem efeito rebote. Sem falar na perda de massa magra, aumentando a flacidez muscular e da pele. Lembre-se: “todo remédio tem alguma contraindicação” e “alimentos são naturais”.

PVS - Qual o conselho que você costuma dar para seus pacientes quando acabam chutando o balde, escorregando na água derramada e entrando de vez na jaca (risos) durante o processo de emagrecimento?

J.M. - Para ter calma. Meus pacientes estão em uma guerra e cada dia é uma batalha vencida. Não é porque em um dia perdeu uma batalha que a guerra foi perdida. No dia seguinte teremos mais uma batalha para vencer e, assim, vamos conquistando nossos objetivos.

PVS - Você faz parte daquele grupo que vive ostentando o ditado: “casa de ferreiro, espeto de pau”, ou você é adepto do combo “alimentação saudável + atividade física”?

J.M. – Hoje, cheguei a um momento em que mantenho o equilíbrio. Me alimento bem, faço dieta, mas, também tenho minhas refeições livres, assim como os meus pacientes também têm. E atividade física já faz parte da minha rotina.

PVS – Qual seria o seu conselho para alguém que diz: “Nutri, quero emagrecer, mas, não tenho dinheiro para bancar as consultas e seguir um plano alimentar. O que devo fazer?”.

J.M. – Se não tem dinheiro para uma consulta é melhor repensar e olhar em qual prioridade está gastando dinheiro. Se a prioridade é a saúde, o corpo e a estética, é melhor deixar outras prioridades de lado e investir em você. Mas, se prefere outras coisas então é melhor desistir. Afinal 01 kg de arroz custa R$ 4, e 01 kg de peito de frango custa R$ 10, o que dá, no mínimo, para cinco refeições. Um combo de um sanduíche da moda custa R$ 25 e nem é uma refeição. Ou seja, Prioridades = Escolhas.

PVS – Existe algum alimento que não pode, de jeito algum, ser cortado do ‘prato nosso de cada dia’? Qual e por quê?

J.M. – Todos. Todos os alimentos desempenham uma função em nosso organismo. O que temos é que quantificar, fracionar e encaixar na hora certa.