Por que é vendido tanto remédio pra impotência sexual no Brasil?

08/02/2017


Assistindo há uns 10 dias uma matéria na televisão sobre a eficácia dos medicamentos genéricos, um dado me chamou a atenção: em 2015, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos, o terceiro medicamento mais vendido no país foi o citrato de sildenafila, 41.826.772 caixas do genérico do Viagra, isso mesmo, medicamento para disfunção erétil. Aí pensei: iiixxxiii lascou foi tudo! Tem é macho broxa nesse país! M I S E R I C Ó R D I A!

Não me dando por satisfeita, pois não conseguia assimilar a ideia de ter tanta gente prestando continência a meio mastro, fui bater um papo com o médico Almir Santana, coordenador do Programa Estadual de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), para ele me explicar o motivo de uma venda tão exagerada do chamado papai smurf. Segundo ele, o problema é que muito homem jovem e que não tem impotência sexual está usando o medicamento, que não precisa de receita retida para ser vendido e por isto, é facin facin de ser adquirido.

Mas, porque um jovem saudável estaria fazendo isto? Ele explicou, ainda, que na cabeça dessas pessoas o remédio irá ajudar a ter mais libido, mais desejo sexual, o que é totalmente o contrário. A missão do citrato de sildenafila é justamente fazer “levantar a pipa” de quem tem desejo, mas não consegue botar a linha pra subir a ventos favoráveis, entendeu?

“E ainda tem outra situação. Por ser um vasodilatador, este medicamento faz com que baixe a pressão arterial do indivíduo, e essa hipotensão aumenta as chances de uma parada cardíaca num indivíduo que já tenha alguma predisposição para tanto. Em quem não tem, pode causar problemas também decorrentes dessa baixa de pressão”, explicou o médico Almir Santana.

Ele disse que esse uso baseado na crença de aumento de desejo sexual pode estar tendo outra consequência: o aumento da quantidade de parceiros sexuais dos jovens e adultos jovens, segundo pesquisa feita pelo Ministério da Saúde. Pior, a mesma pesquisa mostra que mesmo aumentando a quantidade de sexo eventual as pessoas não estão usando camisinha nessas transas, no máximo 50% das pessoas pesquisadas disseram usar preservativo.

Já nos relacionamentos fixos, o uso da camisinha é feito por apenas 20% dos casais, e aí mermão, o bicho pega de novo, mas principalmente para as mulheres heterossexuais e com parceiro fixo, geralmente as casadas, pois tem aumentado a quantidade de mulheres com este tipo de relacionamento infectadas pelo vírus da Aids.

Em Sergipe, de 1987, quando a doença surgiu no mundo, até agora, 5.483 pessoas foram diagnosticadas com a doença e 1.367 morreram em consequência dela. O grupo de maior concentração dos portadores da Aids está na faixa etária entre 20 e 49 anos, e a Aids tem avançado no grupo compreendido por quem tem entre 30 e 39 anos, com destaque para as mulheres heterossexuais e casadas, e os gays jovens. Deste universo total, 100 idosos são portadores da doença e este número, embora pequeno no comparativo geral, aumentou certamente depois da popularização dos “milagrosos” levanta defunto.

E como estamos à beira da folia de momo, com muita bebida, beijo na boca e pegação, o médico fez questão de reforçar a necessidade do uso do preservativo, masculino ou feminino. Por isto, nesta quarta-feira, 08 de fevereiro, no auditório da secretaria de Estado da Saúde vai ser lançada a campanha para este carnaval 2017: “Se o clima esquentar, não vacile! Use camisinha”. E aí? ‘Vamo’ ou ‘Bora’?



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